O globo, n.31902, 10/12/2020. País, p. 10

 

Arthur Lira lança candidatura com bloco de 160 deputados

Paulo Cappelli 

10/12/2020

 

 

Líder do PP e do bloco que é composto pelos partidos do centrão, o deputado Arthur Lira (AL) lançou ontem a candidatura à presidência da Câmara, em um evento com representantes de oito partidos, que somam 160 parlamentares. Para conquistar o posto sem a necessidade de segundo turno, é preciso garantir a maioria absoluta dos votos da Casa, composta por 513 integrantes.

Em tom de campanha, Lira prometeu administrar a Câmara de forma “diferente” da que o atual presidente, Rodrigo Maia (DEMRJ), vem fazendo, afirmando que os líderes partidários terão voz na decisão das pautas que serão levadas a plenário.

—Também anuncio que as relatorias de projetos voltarão a respeitar a proporcionalidade partidária. Sempre cumpri acordos. Quem não cumpre, não gera confiança e simpatia —disse o candidato.

Além do presidente do seu partido, senador Ciro Nogueira (PI), participaram do lançamento da candidatura representantes de PSD, Pros, Avante, Patriota, PL, Solidariedade e PSC. No caso do Pros, quem participou não foi o líder, Acácio Favacho (AP), mas Eros Biondini (MG). A legenda faz atualmente parte de um bloco com o PSL, que ontem anunciou que na eleição e na próxima legislatura integrará o bloco de partidos ligados a Maia.

“PLENÁRIO É SOBERANO”

Em seu discurso, Lira também fez uma defesa dos partidos de centro, que, segundo ele, têm papel relevante na condução da democracia brasileira.

— Os partidos de centro são a força moderadora. Evitam extremos e sempre tocam essa Casa. O plenário depende dos partido de centro, que sempre estiveram a favor do Brasil — afirmou o deputado do PP.

Apesar de contar com o apoio explícito do Palácio do Planalto, Lira não fez qualquer menção ao presidente Jair Bolsonaro. Para tentar ampliar suas possibilidades de vitória, ele vem procurando justamente desvincular sua candidatura do Executivo, com acenos à oposição.

— Todo diálogo começa largo e amplo, respeitando minoria, oposição, regimento, toda a sua pluralidade. A maioria no sistema democrático sempre vence, e o plenário é soberano. Na sua soberania, as pautas serão levadas à discussão, levadas para o debate. Todos os líderes terão que trabalhar no colégio de líderes —disse o deputado.

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No PSB, maioria da bancada quer apoiar líder do PP 

10/12/2020

 

 

Além de lançar a candidatura com apoio de sete partidos, o deputado Arthur Lira (PP-AL) conseguiu ontem uma importante sinalização no PSB, legenda de oposição ao governo Bolsonaro que tem 31 deputados. Em uma reunião virtual da bancada, com 30 presentes, 18 indicaram preferência por apoiar a candidatura do líder do PP.

O PSB ainda não bateu o martelo sobre uma orientação do partido na votação para presidente da Câmara, mas o presidente da sigla, Carlos Siqueira, disse que o encontro joga o partido na direção de Lira, ainda que ele seja o nome de preferência do governo.

— Com esse score, a probabilidade de apoio a Lira aumenta bastante. Essa questão da mesa não envolve ideologia, governo ou oposição. Veja os outros candidatos colocados. Aguinaldo (Ribeiro, deputado do PP, partido de Lira, mas que é aliado e possível candidato pelo grupo de de Rodrigo Maia), por exemplo, é líder da maioria. Maioria de quem? Do governo Bolsonaro. Então essas escolhas dependem de espaços na mesa, nas comissões, relatoria de projetos. Normalmente converso com deputados, mas deixo que eles resolvam. Não tem uma candidatura do campo progressista nesta eleição à presidência da Câmara.

Os cinco maiores partidos de centro-esquerda e esquerda (além do PSB, PT, PDT, PCdoB e PSOL) são considerados decisivos para definir a eleição, uma vez que o restante da Câmara pode se dividir de forma relativamente equivalente entre Lira e o bloco de Maia. O PSOL deve lançar candidato próprio e o PDT tende a dar a maioria de seus votos para o candidato do atual presidente da Câmara. Nas suas eleições anteriores, Maia contou com o apoio da maioria dos deputados de esquerda.

O líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon destacou, porém, que a reunião de ontem não significa que a bancada tenha batido o martelo: “Ficou decidido que se prepararia um documento para ser apresentado aos candidatos à presidência e que os mesmos seriam ouvidos pela bancada”, disse, em nota.