Valor econômico, v. 21, n. 5166, 13/01/2021. Política, p. A6

 

Simone Tebet é escolhida por MDB e vai atrás de PSDB e Podemos

Renan Truffi

Vandson Lima

13/01/2021

 

 

Senadora disputará com Rodrigo Pacheco (DEM-MG)
O MDB oficializou ontem a senadora Simone Tebet (MS) como candidata à presidência do Senado. Ela enfrentará o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), nome escolhido pelo atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para sucedê-lo e que tem a simpatia do governo do presidente Jair Bolsonaro. Se for eleita no dia 1º de fevereiro, Simone será a primeira mulher a comandar o Senado.

Após o anúncio, a senadora defendeu que sua candidatura é de “todas as mulheres”, mas não será nem de situação, nem de oposição. Será “independente”. “Está é uma Casa e um poder independente, se não fosse independente não seria uma democracia. O que nós vamos deixar claro não só para o governo federal, mas para o Brasil, é que a nossa candidatura não é nem de situação e nem de oposição. É uma candidatura de independência harmônica entre os Poderes, a favor do Brasil”, afirmou.
Apesar disso, a emedebista acrescentou que irá buscar diálogo com o governo Jair Bolsonaro para construir uma “agenda econômica prioritária”. “Essa harmonia exige de qualquer futuro presidente do Senado diálogo com o governo federal. Ou nós entendemos que a independência significa harmonia ou nós vamos desconstruir esse país. Nós temos agora que pensar em conjunto com o Executivo uma pauta econômica urgente.”
Além disso, Simone defendeu a prorrogação do auxílio emergencial com responsabilidade fiscal, respeito ao teto de gastos e análise criteriosa dos cadastros de beneficiários. “O auxílio emergencial tem, sim, que estar na agenda de qualquer candidato, para ser tratado com os líderes”, afirmou. A prorrogação do beneficio é rechaçada pela equipe econômica do governo.

A definição pelo nome de Simone começou a se encaminhar após o PT anunciar adesão ao bloco de Rodrigo Pacheco. Os petistas eram considerados fundamentais para uma candidatura de Eduardo Braga (MDB-AM), que também tentava se viabilizar no partido. Desde segunda-feira, no entanto, interlocutores de ambos os lados já admitiam um clima favorável a Simone. A princípio, o partido queria definir seu candidato apenas no fim da semana, mas o anúncio de apoio de várias siglas a Pacheco forçou o MDB a antecipar os planos.

A sigla espera agora, com a escolha de Simone Tebet, conquistar o apoio do bloco formado por PSDB, Podemos e Cidadania, que juntos representam 19 senadores. A avaliação é que caso estas três legendas venham a aderir à candidatura do MDB, partidos menores como PSL, PSB e Rede possam se juntar à empreitada.

Nessa conta, a senadora do MDB poderia, somados os 15 votos do MDB e excluídas algumas defecções, alcançar aproximadamente 35 apoiamentos. Isso equilibraria a corrida eleitoral.

“O jogo voltou à estaca zero”, disse a senadora. “Estamos falando de 15 senadores [do MDB], não estamos começando no vazio.” Por fim, ela explicou que vai procurar não só partidos que ainda estão isentos na disputa, mas também os que já anunciaram apoio ao DEM. “Começaremos por eles [PSDB, Podemos e Cidadania], mas procuraremos todas as bancadas, através dos líderes e dos senadores."

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Alcolumbre aceita virar ministro

Vandson Lima

Renan Truffi

Fabio Murakawa

13/01/2021

 

 

Alvo de presidente do Senado é a pasta do Desenvolvimento Regional
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) passou a sinalizar, em conversas com outros senadores, que irá assumir um ministério no governo do presidente Jair Bolsonaro, caso seu indicado à sucessão, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) seja eleito.

Alcolumbre já teria, inclusive, uma preferência: o Ministério do Desenvolvimento Regional, hoje com Rogério Marinho. A pasta toca obras estruturantes, com orçamento para 2021 previsto em R$ 24,17 bilhões. E o presidente do Senado, segundo interlocutores, fez uma série de compromissos”, durante sua busca por votos para Pacheco, de usar sua influência política para ajudar a levar recursos aos Estados. À frente da pasta, ele teria autonomia para cumpri-los.
A mudança de postura se dá pela avaliação de que a vitória de Pacheco será creditada a Alcolumbre. Ele escolheu o candidato, fez as alianças e conseguiu os votos, sem nada dever ao governo. Por isso, sairia fortalecido do processo, segundo leitura de seus pares.

Bolsonaro foi desaconselhado por auxiliares mais próximos a entrar de cabeça na eleição pela presidência do Senado, diferentemente do que ocorre no caso da Câmara, pois “só tem a perder”, disse uma fonte ligada ao presidente. Mais cedo, Bolsonaro declarou a apoiadores no Palácio da Alvorada que tem “simpatia” pela candidatura de Pacheco.

Alcolumbre estava relutante quanto à possibilidade de assumir um ministério. Antes, queria ter o controle de sua sucessão, escolhendo um nome da sua confiança justamente para que possa, daqui a dois anos, voltar à presidência da Casa. Ele também demonstrava temor de ter sua imagem atrelada a Bolsonaro. No entanto, o senador acredita que, caso seja confirmada a façanha de eleger o sucessor contra uma candidatura do MDB, maior partido do Senado, sua imagem de articulador hábil estará consolidada.

Desde o ano passado, interlocutores do Planalto fizeram chegar a Alcolumbre algumas possibilidades: além do Desenvolvimento Regional, assumir a Secretaria de Governo, responsável pela articulação política, no lugar do general Luiz Eduardo Ramos; a pasta de Minas e Energia, sempre cobiçada por senadores, substituindo Bento Albuquerque, ou até mesmo a Saúde.
Ainda segundo aliados do presidente do Senado, no caso de sua ida para o Ministério do Desenvolvimento Regional, o ex-deputado Rogério Marinho poderia ser deslocado para a Secretaria-Geral da Presidência, hoje sob comando interino de Pedro César Nunes Ferreira Marques de Souza, que substituiu Jorge Oliveira, que tomou posse como ministro do Tribunal de Contas da União.

Segundo auxiliares de Bolsonaro, a Secretaria-Geral tem como maior atrativo a Subchefia de Assuntos Jurídicos (SAJ), pela qual passam todos os atos normativos, leis e medidas provisórias firmadas pelo presidente. Contudo, para o perfil de Marinho, ex-deputado pelo PSDB, permanecer no Desenvolvimento Regional seria mais atraente. Ele também poderia assumir pasta mais forte em meio a uma reforma ministerial, pois é bem avaliado por Bolsonaro.

Fontes do Desenvolvimento Regional ouvidas pelo Valor, contudo, disseram desconhecer tratativas a respeito. Nesse sentido, um dos que poderia deixar a Esplanada é Onyx Lorenzoni, ministro da Cidadania e companheiro de Alcolumbre no DEM.

Se assumir um ministério, Alcolumbre deixará o posto de senador para seu irmão e suplente, Josiel Alcolumbre (DEM-AP). Josiel disputou e perdeu no segundo turno a eleição a prefeito de Macapá (AP) no ano passado. Ironicamente, Josiel perdeu a eleição após o presidente Bolsonaro gravar na véspera uma mensagem de apoio a ele. O irmão de Alcolumbre tinha a maior coligação do pleito, apoios do prefeito da capital e do governador e foi o primeiro colocado no primeiro turno, com quase o dobro dos votos de Doutor Furlan (Cidadania), que acabou ultrapassando Josiel no segundo turno e vencendo a disputa local.

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Pacheco, do DEM, reúne apoio de sete partidos

Renan Truffi

Vandson Lima

13/01/2021

 

 

A candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) à presidência do Senado ganhou ainda mais fôlego. A chapa do senador mineiro acertou mais duas alianças: com o Partido Liberal (PL), que já se posicionou oficialmente, e com o Progressistas (PP), cuja bancada deve se reunir hoje para anunciar a decisão. Com isso, o DEM passará a ter sete partidos na sua base de apoio, o que totaliza 38 senadores.

Caso não haja nenhuma traição na votação secreta, marcada para 1º de fevereiro, Pacheco precisa de mais três adesões para garantir a vitória na disputa interna na Casa. Isso porque, se todos os 81 senadores estiverem presentes no plenário, são necessários 41 votos para que o vencedor seja proclamado.
A decisão do PL foi anunciada após a bancada chegar num consenso. Os três senadores da sigla, Jorginho Mello (SC), Wellington Fagundes (MT) e Carlos Portinho (RJ), concordaram com o apoio a Pacheco. O acordo foi construído pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Ele viajou ao Rio de Janeiro, na segunda-feira, para conversar com Portinho sobre o assunto.

O PL tem como expoente Valdemar Costa Neto (SP), ex-deputado federal cassado por conta de seu envolvimento no mensalão do PT. Valdemar continua a dar as cartas no comando da sigla, e éouvido no Centrão.

Já Pacheco esteve à frente da negociação com o PP. Na manhã de ontem, ele conversou diretamente com o líder da legenda no Senado, Ciro Nogueira (PI), que indicou posição majoritária a favor do senador do DEM.

A aliança ainda depende da reunião do partido, marcada para hoje. “Parece que o PP vai se reunir. A notícia que o senador Ciro deu é que há um entendimento da maioria do partido para encaminhar com o senador Pacheco”, disse Davi Alcolumbre.
Ciro Nogueira é um dos senadores mais próximos ao governo Jair Bolsonaro e tem trabalhado para ajudar o presidente a melhorar sua avaliação no Nordeste. O Valor apurou que ele é um dos principais defensores da candidatura de Pacheco. “Foi uma reunião entre o Pacheco e o Ciro, que vai reunir a bancada para discutir o apoio. Dificilmente o PP não irá apoiar Pacheco”, afirmou um interlocutor que tem participado das negociações. Ao todo, o partido de Ciro Nogueira tem sete senadores.