Valor econômico, v. 21, n. 5166, 13/01/2021. Brasil, p. A3

 

Bolsonaro diz que ministro interferiu em Manaus e defende uso de cloroquina

Fabio Murakawa

13/01/2021

 

 

Tratamento precoce volta a ser apoiado por presidente, apesar de remédios não terem eficácia comprovada contra covid-19
O presidente Jair Bolsonaro atribuiu o elevado número de mortes por covid-19 no Amazonas à falta de “tratamento precoce”, que de acordo com o protocolo do Ministério da Saúde indica o uso de hidroxicloroquina e ivermectina. Bolsonaro disse ainda que o titular da Saúde, Eduardo Pazuello, “foi para lá e interferiu”, em referência à visita do ministro anteontem a Manaus.

“Mandamos ontem [anteontem] o nosso ministro da Saúde para lá. Estava um caos”, disse Bolsonaro. "Não faziam tratamento precoce. Aumentou assustadoramente o número de mortes. E mortes, pessoal, por asfixia porque não tinha oxigênio. O governo estadual e municipal deixou acabar oxigênio. É morrendo asfixiado. Imagine você morrendo afogado."
Na semana passada, Manaus registrou 6.298 casos da doença, alta de 70% em relação à semana anterior e o maior patamar desde o início da pandemia. No interior, foram 5.860 diagnósticos entre 3 e 9 de janeiro, índice que não era visto desde o fim de setembro.

Embora não tenha citado desta vez o medicamento, o presidente costuma relacionar o chamado tratamento precoce ao uso da hidroxicloroquina e do vermífugo ivermectina, conforme indicação do Ministério da Saúde desde que Pazuello assumiu. Os remédios não têm eficácia comprovada contra a covid-19, mas Bolsonaro os defende como cura para a doença.

Anteontem, na visita, Pazuello pressionou a prefeitura de Manaus a indicar o tratamento aos pacientes. “Não existe outra saída: nós não estamos mais discutindo se esse profissional ou aquele concorda. Os conselhos federais e regionais já se posicionaram, os conselhos são a favor do tratamento precoce, do diagnóstico clínico.”

O Brasil registrou ontem 1.109 mortes por covid-19. Agora são 204,7 mil mortes desde o início da pandemia. A média móvel de mortes nos últimos sete dias foi de 993, alta de 49% comparado ao período anterior, segundo o consórcio dos veículos de imprensa.
Com 61.660 casos confirmados ontem, o total de infectados chegou a 8.195.493.