Correio braziliense, n. 21012, 04/12/2020. Brasil, p. 5

 

Mourão: não ir à aula é hipocrisia

Ingrid Soares 

04/12/2020

 

 

O vice-presidente Hamilton Mourão criticou, ontem, a decisão de universidades e institutos federais que se mostraram contrários à volta às aulas presenciais, em 4 de janeiro do ano que vem — como determinava portaria do Ministério da Educação (MEC), publicada na última quarta-feira, mas revogada horas depois. O general caracterizou a recusa como "hipocrisia", pois, segundo ele, "as pessoas vão para bares, mas não podem ir para a aula".

"Isso é um assunto controverso, porque acho que até tem certa hipocrisia. As pessoas saem para a rua, vão para bares, restaurantes, mas não podem ir para aula", criticou.

Mourão citou como exemplo universidades do Espírito Santo que fazem rodízio entre os alunos nas aulas presenciais e pediu "coerência". "Lá no Espírito Santo, eles estão com aula presencial. Vai metade da turma em um dia; metade no outro, de modo que você tenha o distanciamento na sala de aula. Com boa vontade, a gente consegue. A mesma turma que não quer voltar para aula, vai para balada, vai para bar. Então, vamos ser coerentes nas coisas", argumentou.

Revogação
Na quarta-feira em que foi baixado decreto do retorno às aulas presenciais, Jair Bolsonaro defendeu a volta às salas de aula em "todos os níveis". A afirmação ocorreu após o MEC recuar da decisão, que serviria para as universidades e institutos federais. O presidente comentou, também, que conversou com o ministro da Educação, Milton Ribeiro, sobre a revogação da orientação.

"Nós queremos voltar à aula presencial, em todos os níveis, mas os reitores, agora, chegaram nele (ministro da Educação): 'Não, queremos começar só em 2022'. Aí, no meu entender, não tem cabimento, até porque esse vírus fica grave de acordo com a idade da pessoa e comorbidades", justificou Bolsonaro para o grupo de apoiadores que se aglomera na entrada do Palácio da Alvorada. O MEC recuou da Portaria 1.030/20 depois da imensa repercussão negativa junto à comunidade acadêmica.

O ministério ressaltou que, antes de propor uma nova data para o retorno das aulas presenciais, ouvirá professores, alunos e funcionários das instituições federaisa. E, em nota, informou que uma reunião foi marcada para hoje com representantes da Andifes, Crub (Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras) e o Fórum das Entidades do Ensino Superior Particular, a fim de que se possa construir um consenso. "Todos terão a oportunidade de emitirem suas opiniões a respeito do tema", diz um trecho da nota.