O globo, n.31897, 05/12/2020. Sociedade, p. 14

 

Sobrecarga na rede pública

Evelin Azevedo 

Felipe Grinberg

Raphaela Ramos 

05/12/2020

 

 

Em quatro estados, a taxa de ocupação dos leitos de UTI Pública da Covid já está acima de 80%: Rio, Espírito Santo, Paraná e Pernambuco. O Rio Grande do Sul possui 73% dos leitos de coronavírus da rede pública e 99,5% dos privados preenchidos. No estado do Rio, 82% dos leitos UTICoviddoSUS (municipais, estaduais) são com pacientes, e há 216 pacientes graves na fila. Na capital carioca, o índice SUS da Covid chega a 91%. O governador interino do Rio, Cláudio Castro, prometeu mais 314 leitos de UTI, e Crivella, mais 50.

Pelo menos quatro estados brasileiros estão com 80% ou mais de ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) para Covid-19 na rede pública, de acordo com suas secretarias de saúde. São eles: Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro e Pernambuco. A situação também é preocupante no Rio Grande do Sul, que tem 99,5% dos leitos de UTI da Covid da rede privada ocupados, segundo a plataforma de monitoramento de doenças do estado. Dos 665 leitos existentes, 662 estão em uso. A capacidade da rede pública é de 73%. No Rio de Janeiro, 82% dos leitos de UTI do Sistema Único de Saúde (SUS) destinados à Covid-19 estão ocupados, segundo a Secretaria de Estado da Saúde. Ainda há 216 pessoas com suspeita ou confirmação de Covid-19 aguardando transferência para a UTI. A situação na capital é ainda mais preocupante: a taxa de ocupação dos leitos de UTI da Covid-19 do SUS - que inclui leitos de unidades municipais, estaduais e federais - é de 91%, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. São 162 pacientes aguardando vaga na UTI.

Esperar por uma cama é pior na Região Metropolitana. Diagnosticada como coronavírus e infartada, adona decas Samantha Sobral ficou uma semana esperando deu ml eito de UTI na rede pública. Moradora de Belford Roxo, procurou na semana passada a UPA do Lote XV, onde ficou internada até a manhã do último domingo, quando foi transferida para Volta Redonda, a mais de 100 quilômetros de um unicípio. No meio do tempo, porém, surgiu a necessidade de fazer um cateterismo. Em desespero, a família começou a bater de porta em porta em vários hospitais públicos do RI para tentar conseguir uma cama para Samantha. Mas, como as vagas são regulamentadas, não tiveram sucesso:

- Foi descuido e desprezo. Não temos situação financeira para interná-la em um hospital privado. Tentamos vários hospitais e ninguém conseguiu um lugar para ela. Fomos de porta em porta, e eles estavam sempre fechados por falta de cama. Recebemos apenas a não desabafada Eliane Cabral, cunhada da Samantha. Com 4.230 solicitações de admissões, novembro quebrou a curva de queda que vinha se formando desde junho. E a tendência continua de alta. No último dia 30, foram solicitados 113 leitos de UTI para pacientes com síndrome respiratória aguda grave. Foi o maior número desde 14 de maio, quando foram encomendados 116 leites de terapia intensiva na rede pública estadual do Rio.

'MUITO PREOCUPANTE'

Ontem, o Brasil atingiu 6,5 milhões de infectados pelo novo coronavírus, com 18 estados apresentando tendência de aumento nas médias móveis de mortalidade pela doença. No Paraná, a taxa de ocupação dos leitos exclusivos da Covid-19 no SUS é de 89%. O governo estadual informou ter reativado nas últimas duas semanas 573 leitos de UTI e Enfermaria para atendimento exclusivo à Covid-19 devido à alta demanda de solicitações de internação. Em Pernambuco, a taxa de ocupação de leitos em UTI para pacientes com Síndrome Respiratória Aguda (ARs), incluindo casos suspeitos e confirmados de Covid-19, é de 86%. No Espírito Santo, 83,89% dos leitos de UTI da Covid-19 estão ocupados. O Amazonas, que nesta quinta-feira tinha taxa de ocupação de 81,67% nos leitos de UTI Covid da rede pública, apresentou queda ontem, indo para 78,81%. Para especialistas ouvidos pelo mundo, o aumento de casos e internações decorrentes do Covid-19 no Brasil é preocupante. - Temos que estar muito preocupados (com a situação) porque a superlotação está acima do que deveria e corremos o risco de ficarmos sem leitos, tanto na rede pública quanto na privada. Há outro fator agravante: como a prioridade é o conhecimento interno da Covid, e eles não podem estar nem mesmo entre aqueles que não estão infectados, os hospitais estão desviando unidades inteiras de terapia intensiva para o tratamento da Covid. Começa a ocorrer um déficit de leitos de UTI gerais. Já vemos hospitais cancelando cirurgias eletivas para atender às necessidades dos pacientes com coronavírus - afirma Alberto Chebabo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). A solução apontada pelos Especialistas é a abertura de novos leitos Dest inadosà VOC id-19 - no âmbito do SUS, tornar-se permanente, e não com hospitais de campanha - e a restrição de serviços não essenciais. - Não éramos favoráveis ​​à abertura de hospitais de campanha, mas fomos contra fechá-los. O que queríamos era usar a capacidade ociosa da rede pública. O ideal é abrir leitos com muita urgência, pois estamos com gente morrendo no ups Ase em casa. Para evitar a transmissão do vírus, bares, academias e eventos (como shows) devem ficar fechados por um determinado horário, que são atividades não essenciais e têm maior possibilidade de transmissão - afirma Li Gia Bahia, especialista em saúde pública da UFRJ e Colunista do GLOBO. O que queríamos era usar a capacidade ociosa da rede pública. O ideal é abrir leitos com muita urgência, pois estamos com gente morrendo no ups Ase em casa. Para evitar a transmissão do vírus, bares, academias e eventos (como shows) devem ficar fechados por um determinado horário, que são atividades não essenciais e têm maior possibilidade de transmissão - afirma Li Gia Bahia, especialista em saúde pública da UFRJ e Colunista do GLOBO. O que queríamos era usar a capacidade ociosa da rede pública. O ideal é abrir leitos com muita urgência, pois estamos com gente morrendo no ups Ase em casa. Para evitar a transmissão do vírus, bares, academias e eventos (como shows) devem ficar fechados por um determinado horário, que são atividades não essenciais e têm maior possibilidade de transmissão - afirma Li Gia Bahia, especialista em saúde pública da UFRJ e Colunista do GLOBO.

* Intern, under the supervision of Eduardo Graça