O globo, n.31896, 04/12/2020. Sociedade, p. 16

 

Clínicas privadas esperam vacina só na segunda metade de 2021

Rafael Garcia 

04/12/2020

 

 

Na disputa pela vacina da Covid-19 em 2021, ter dinheiro na mão deve fazer pouca diferença para o brasileiro, ao menos nos primeiros meses. Por conta da demanda do setor público, clínicas particulares de imunização esperam começara receberas primeiras doses do produtos o menteno segundo semestre do ano, e isso num cenário otimista.

A estimativa é da Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas, que representa o segmento privado do setor. Segundo Márcia Faria Rodrigues, da diretoria científica da entidade, não faz sentido, nem é possível, travar uma disputa agora com os governos.

—Aprioridade mundial neste momento é direcionara vacina aos grupos de risco. Se você distribui doses agora para as clínicas privadas, como garante que a vacina vai chegar primeiro a quem realmente precisa?

Das dez vacinas em fase final detestes, apenas uma já obteve autorização balizada por resultados de eficácia —a Pfizer, no Reino Unido —e ainda não é possível saber quais serão os imunizantes disponíveis para o setor privado após os governos comprarem seus lotes.

—Achamos que, em um segundo momento, coma aprovação demais vacinas, poderemos te rum direcionamento para as clínicas particulares—avalia Rodrigues.—Esperamos isso no segundo semestre de 2021, ou só em 2022. Vai depender da capacidade dos produtores.

Segundo Mônica Levi, médica do corpo clínico da Cedipi, centro de imunização particular em São Paulo, a clientela já busca informações sobre achegada da vacina.

— Acho provável que no segundo semestre tenhamos vários produtos licenciados e que haja algo para atender também ao mercado privado. Nós só não sabemos quais vacinas serão, quanto vão custar, nem para que idade estarão aprovadas —ressalta.

Os desenvolvedores de imunizantes estão limitando a negociação de fato ao setor público. De acordo com Alejandro Lizarraga, diretor da área de vacinas da Pfizer Brasil, a farmacêutica dará prioridade aos governos, por enquanto.

— Não existe uma sinalização da Pfizer para trabalhar no mercado privado de clínicas de vacinação ou em hospitais.

Segundo o executivo, se a farmacêutica não conseguir fechar um acordo com o governo brasileiro para direcionar sua produção da nova vacina para o SUS, os lotes devem ser negociados com o setor público de outros países, não com o setor privado do Brasil.

A ausência de uma vacina de Covid-19, porém, não deve ser motivo para que clínicas particulares fiquem vazias em 2021. Segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o índice de vacinação para quase todas as doenças caiu em 2020.

Em comparação com 2015, caíram as coberturas de tríplice viral (de 80% para 56%), poliomielite (98% para 66%) e BCG (95% para 64%), entre outras, continuando tendência preocupante já observada em 2019. Se uma pequena fração das crianças em atraso vacinal se direcionar a clínicas privadas, como é de costume, já será o suficiente para devolver o movimento ao setor, afirma a ABCVAC.