O Senado confirmou ontem a liberação de quase R$ 2 bilhões para viabilizar a produção e compra pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de 100 milhões de doses da vacina contra o novo coronavírus em desenvolvimento pela Universidade de Oxford. A medida provisória que trata do tema passou anteontem pela Câmara dos Deputados. Ontem era o último dia para que a MP, publicada em agosto, fosse aprovada pelo Congresso antes de perder a validade.

Durante sessão virtual em plenário, parlamentares criticaram a postura do governo em relação à pandemia e a outras vacinas disponíveis contra a Covid-19. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) afirmou que os recursos liberados ontem são insuficientes para a vacinação em massa no país. Ela ponderou, no entanto, que a MP é “um começo”.

— Vamos aprovar quantas medidas provisórias vierem criando crédito extraordinário para que possamos ter recursos para vacinar a população brasileira. O problema não é financeiro, aqui o problema é realmente o negacionismo do governo federal. Negou a pandemia e agora quer negar um passado e um presente louvável e histórico do Brasil, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de que o Brasil tem a maior política nacional de imunização do Planeta — disse Tebet. — Dizer que só poderíamos vacinar em março em um país que tem expertise e consegue vacinar em 20, 30 dias a população brasileira... Começar em março por quê?

Em seguida, o senador Marcelo Castro (MDB-PI) concordou que a MP é apenas uma primeira iniciativa e que “precisamos fazer mais com todas as vacinas que estiverem disponíveis”.

— Olha o que está acontecendo no mundo, o Reino Unido começa a vacinar depois de amanhã, a Alemanha e a Rússia começam agora também, a China já está vacinando, o México já comprou as vacinas da Pfizer e já vai vacinar também —declarou Castro.

— Não dá para entender esse tipo de ‘prestigiamento’ de uma única vacina em detrimento de outras, é um absurdo. Tratar a saúde com visão ideológica é um retorno à Idade das Trevas, é um retorno à Idade Média — disse o senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), em referência ao acordo do governo federal com o imunizante desenvolvido pela Universidade de Oxford.

A primeira fase da campanha de vacinação contra a Covid-19 no Brasil deve ocorrer entre março e junho do ano que vem, segundo plano preliminar divulgado neste semana pelo Ministério da Saúde.