Correio braziliense, n. 21009, 01/12/2020. Mundo, p. 10

 

Covid-19: mais perto da proteção

01/12/2020

 

 

A vacina desenvolvida pela companhia californiana Moderna poderá ser aplicada em milhões de norte-americanos até a segunda metade de dezembro. A empresa afirmou, em comunicado, que pediu autorização emergencial para aprovação do imunizante nos Estados Unidos e na Europa. Estudos preliminares de fase 3 apontaram 94,1% de eficácia da substância.

"Acreditamos que nossa vacina proporcionará uma nova ferramenta poderosa que pode mudar o curso dessa pandemia e ajudar a prevenir doenças graves, hospitalizações e mortes", disse o CEO da Moderna, Stephane Bancel. A empresa espera ter cerca de 20 milhões de doses da vacina, chamada mRNA-1273, disponíveis nos Estados Unidos até o fim do ano. Em 2021, a companhia espera fabricar entre 500 milhões a 1 bilhão de doses globalmente.

A notícia veio depois que o imunologista Anthony Fauci, conselheiro da Casa Branca durante a pandemia, expressou seus temores enquanto milhões de viajantes estavam voltando para casa após o feriado de Ação de Graças. Os EUA são o país mais afetado pela pandemia, com 266.887 mortes por covid-19. O governo do presidente Donald Trump enviou mensagens contraditórias sobre o uso de máscaras, viagens e o perigo representado pelo vírus.

"Podemos ver um aumento após um aumento" nos casos em duas a três semanas, disse Fauci à CNN. "Não queremos assustar as pessoas, mas essa é a realidade." A tendência parece perturbadora, observou Fauci e outros cientistas do governo, esperando mais viagens e reuniões de família por volta do Natal.

Além da vacina da Moderna, a mídia americana noticiou que as primeiras remessas do imunizante da Pfizer, uma das primeiras a alegar alta eficácia, chegaram aos EUA de um laboratório da empresa na Bélgica. A companhia solicitou autorização de emergência no país e deve recebê-la no próximo dia 10, relatou o Wall Street Journal.

Reconforto

O dia de Ação de Graças também trouxe boas notícias. Joseph Varon, um médico que trata pacientes com o novo coronavírus em um hospital do Texas, estava trabalhando em seu 252º dia consecutivo quando viu um idoso perturbado na unidade de terapia intensiva (UTI) da covid-19. O abraço reconfortante de Varon ao homem de cabelos brancos foi capturado por um fotógrafo da Getty Images e viralizou em todo o mundo. Varon contou que estava chegando à UTI quando viu o paciente fora da cama e perguntou por que ele estava chorando. O homem respondeu que queria ficar com a esposa. "Então eu apenas o seguro e o abraço. De repente, ele se sentiu melhor e parou de chorar", relata o médico à CNN. Varon admitiu que não sobe como não "desmoronou" naquele momento. Segundo ele, o idoso poderá receber alta ainda nesta semana.