A falta de leitos para atender pacientes graves com Covid na cidade do Rio não atinge apenas a rede pública de saúde. Segundo Graccho Alvim, diretor da Associação de Hospitais Privados do Estado, a taxa de ocupação em leitos de UTI no município do Rio é de 98%. São Paulo, que também assiste ao surgimento de uma nova onda de coronavírus, atingiu o patamar de 84% de ocupação em sua rede particular. O médico alerta que poucas são as unidades na Região Metropolitana do Rio que ainda contam com vagas de terapia intensiva:

—Os leitos de UTI estão todos praticamente ocupados. Precisamos pensar de alguma maneira na abertura de novos leitos, mas sozinhos, sem o apoio do poder público, não há condições. Na Região Metropolitana ainda há alguns leitos disponíveis em Niterói e São Gonçalo, por exemplo —comenta.

Segundo o diretor da associação que reúne hospitais particulares, há pacientes com plano que não conseguem vagana unidade que procuram e precisam entrar numa fila para tentar transferência:

— Estamos com transferência entre unidades e entre redes. Muitas vezes, ele (o paciente) chega a determinado hospital, o plano dele não tem vaga naquela unidade e ele precisa ser transferido. Aí, entra na fila. Tudo isso é um complicador. O paciente em UTI ocupa o leito por um tempo muito grande, diminuindo a rotatividade — diz Graccho Alvim, referindo-se ao fato de que pacientes graves de coronavírus, às vezes, necessitam de períodos mais longos em UTIs.

Alvim explica que a procura por atendimento nas emergências privadas também cresceu muito nas últimas duas semanas. No fim de semana, houve unidades em que a espera para ser atendido variava, em média, de quatro a cinco horas:

—Ficou claro que nãoéo verão que vai matar o vírus. Sabía mosque haver iauma alta de casos, masa velocidade surpreendeu. Não sei qual a saída econômica viável para ampliara oferta de leitos, ma suma ideia seria uma parceria entre o setor público e privado. O priva dotem facilidade de contrataçãode pessoal, e o público dispõe de equipamentos — observa.

O mapeamento foi realizado entre 23 e 26 de novembro, com dados de 76 hospitais dos 17 departamentos regionais de saúde de São Paulo (20% do total). A comparação foi feita coma semana anterior, de 16 a 19 de novembro. A pesquisa também revela que 79% dos hospitais consultados afirmaram que houve aumento de internações por Covid-19. Na pesquisa anterior, o número era menor: 44,7% dos hospitais disseram ter registrado aumento.

Os dados também mostram que 67% dos hospitais afirmaram que têm capacidade de oferecer mais leitos para o atendimento de pacientes com Covid. Hoje, eles usam 40% dos leitos de UTI para pacientes com coronavírus, segundo o SindHosp.

— A manutenção de cirurgias eletivas indica que, por enquanto, é possível manter com cautela essa assistência Além disso, os hospitais responderam que podem ampliar leitos para enfrentara pandemia, se necessário — disse o presidente do SindHosp, Francisco Balestrin.

A situação da Covid-19 em São Paulo tem piorado nos últimos dias. Na segunda-feira, um dia depois do segundo turno das eleições municipais, o governador João Doria colocou 100% do estado de volta à fase amarela do plano de reabertura econômica, o que implica regras mais rígidas de isolamento. A fase amarela reduz de 60% para 40% a ocupação de estabelecimentos, como bares, restaurantes, salões de beleza e academias. No Rio, que permitiu a ocupação da areia das praias na última etapa de flexibilização, ainda não se cogita a retomada do isolamento social, apesar da alta de casos da doença.

Ao todo, 10.114 pessoas estão internadas com coronavírus em São Paulo, 4% a mais do que na segunda-feira, quando eram 9.689 hospitalizadas. São Paulo registrou ontem 42.290 óbitos e 1.250.590 casos confirmados da doença.

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Estado do Rio começara testagem em massa amanhã

Lucas Altino

02/12/2020

O governador em exercício, Cláudio Castro, anunciou ontem , ao lado do prefeito eleito Eduardo Paes que, a partir de amanhã, o Estado do Rio terá um plano de testagem em massa para Covid-19. A ideia do governo estadual é que a ação, aliada à ampliação da oferta de leitos exclusivos para pacientes infectados, possa conter o avanço da doença no estado, sem a necessidade de um novo lockdown.

De acordo com Castro, a testagem terá como foco o diagnóstico precoce. O plano é começar em cinco locais do Rio (capital), Baixada Fluminense e São Gonçalo. Horas depois, Cláudio Castro informou oficialmente que serão dois centros em São Gonçalo e um em Volta Redonda.

CENTROS DE DIAGNÓSTICO

Inicialmente, a ideia é abrir três centros com capacidade para 1,5 mil testes por dia: no Hospital Estadual Alberto Torres e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), em Colubandê, em São Gonçalo; e no Hospital Regional do Médio Paraíba Dra. Zilda Arns Neumann, em Volta Redonda. A partir da semana que vem, o governador em exercício planeja estender o processo de testagem para outras unidades. Os testes serão agendados pelo aplicativo Dados do Bem.

O exame ao qual a população terá acesso será o RTPCR, que é realizado por via nasal, com uma espécie de cotonete. O exame é capaz de identificar o vírus ativo no corpo humano, principalmente na fase aguda da doença —do primeiro ao oitavo dia, após o aparecimento dos sintomas.

— Vamos atuar em parceria, precisamos fiscalizar o cumprimento das restrições em conjunto. A Secretaria estadual de Saúde vai iniciar o programa de ampliação de testagem para a Covid-19, ainda esta semana, em Centros de Diagnóstico Precoce (CDP). A proposta é que as pessoas sejam testadas o quanto antes para que possam receber os cuidados necessários e cumprir isolamento, minimizando a propagação do vírus — explicou Castro, acrescentando que as frentes de medidas emergenciais são para tentar evitar de novo a suspensão de atividades no estado:

— Um bom Natal também é feito de pessoas empregadas e ativas.

Ontem, a Secretaria estadual de Saúde recuou e anunciou que não irá mais suspender as cirurgias eletivas, medida prevista para a semana que vem. A mudança, segundo a pasta, foi para “para evitar maiores impactos na Saúde do estado”. O governo acrescentou que está ampliando o número de leitos de UTI: mais 150 vagas serão criadas nos próximos 15 dias, além das 112 que já foram abertas.

— Não temos na rede estadual um hospital só de Covid, mas estamos aumentando a oferta de leitos. Também precisamos fiscalizar o cumprimento das restrições em conjunto —concluiu Castro.