O globo, n.31890, 28/11/2020. Economia, p. 31

 

Mourão critica reação da China a fala de Eduardo Bolsonaro

Daniel Gullino 

Manoel Ventura 

28/11/2020

 

 

O presidente do Ovice, Hamilton Mourão, disse ontem que concorda com as críticas feitas pelo Itamaraty à Embaixada da China, por ter repelido, por meio de uma rede social, declarações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Mourão disse que "diplomaticamente, é errado" fazer tais reclamações publicamente. Na segunda-feira, Eduardo criticou, no Twitter, a "Espionagem da China". Na mesma rede social, a embaixada da China divulgou uma denúncia sobre o deputado afalado, dirigida ao governo brasileiro. O Itamaraty, então, encaminhou carta à embaixada repudiando a forma a que havia reagido.

- Acho que diplomaticamente isso está errado. É a segunda vez que o embaixador chinês reage dessa forma - disse Mourão. - Ou escreve carta ao ministro das Relações Exteriores ou vai ao Itamaraty apresentar sua ponderação. E não vi rede social, pois aí vira carnaval. O deputado acrescentou que "o que o Itamaraty coloca é muito correto", sem contar que o deputado também se manifestou nas redes sociais.

PRESSÃO DOS EUA

Em meio à polêmica sobre a participação ou não da chinesa Huawei na rede 5G brasileira, com contrapressões dos Estados Unidos, as principais operadoras de telecomunicações que operam no Brasil decidiram cobrar transparência nas decisões sobre a tecnologia. A Conexis Brasil Digital, que reúne empresas do setor, pediu ontem que as operadoras participem das discussões e solicitou que estas sigam critérios técnicos.

No leilão do 5G, previsto para 2021, as teles vão disputar o direito de operar as bandas de frequência das cidades e oferecer tecnologia no Brasil. Ainda não há data para o 5G entrar em operação no país. O leilão é apenas o primeiro passo para a implantação do 5G no Brasil, que ainda dependerá da ampliação da infraestrutura das operadoras de telefonia. A definição dessa infraestrutura é alvo de pressões americanas.

Wethe EUA quer que outros países vetem a Huawei em redes de infraestrutura com base na segurança da informação - e o governo brasileiro

expressou concordância com esta avaliação. A Huawei é um dos maiores fornecedores mundiais de tecnologia 5G, com a Ericsson da Suécia e a Nokia da Finlândia. No Brasil, isso pode atrasar 5G, dizem as teles. Em nota, sem citar a Huawei, afirmam que "uma possível restrição aos fornecedores" poderia prejudicar a integração com a infraestrutura existente, "com consequências diretas nos serviços e custos associados". Teles afirma que podem contribuir para os debates sobre o 5G. Até o momento. , as discussões no governo ocorrem a portas fechadas.