Correio braziliense, n. 20992, 14/11/2020. Mundo, p. 16

 

Os números da vitória

14/11/2020

 

 

Projeções da mídia norte-americana consolidaram, ontem, os números finais da vitória de Joe Biden na corrida à Casa Branca. Com a esboçada derrota de Donald Trump na Geórgia, estado de tendência tradicionalmente republicana, o democrata acumulou 306 delegados no Colégio Eleitoral, mesmo desempenho do atual presidente em 2016. Horas depois do anúncio, no primeiro pronunciamento desde as eleições, o magnata, inicialmente, ignorou o tema. No fim do discurso, porém, por pouco não reconheceu o revés nas urnas e disse que "o tempo dirá" sobre o futuro governo.

Trump insiste na tese de que as apurações foram fraudadas, contrariando documentos oficiais que respaldam a lisura do pleito. Agências de segurança eleitoral dos EUA frisam que não há qualquer evidência de irregularidades. A longa contagem dos votos continua, com uma vantagem de 5 milhões de votos para Biden. Mas meios de comunicação — como a CNN, ABC, Fox News, CBS e o jornal The New York Times, entre outros — anunciaram a vitória democrata na Geórgia, a primeira desde que Bill Clinton venceu por lá em 1992.

Trump, por sua vez, ficou com a a Carolina do Norte, projetaram as redes americanas. Com isso, teve 232 na totalização. O Colégio Eleitoral, composto por 538 delegados, decide a Presidência dos EUA. Ganha quem tiver, no mínimo, 270 delegados, independentemente da votação popular. Em 2016, a democrata Hillary Clinton teve mais votos, porém perdeu em número de delegados. Biden, mostram os prognósticos, vence nas duas categorias.

Nesse cenário, Biden venceu em 25 estados, incluindo Delaware, onde mora desde os 10 anos, e nos disputados Califórnia e Nova York, assim como na capital dos EUA. O ex-vice-presidente de Barack Obama tirou cinco estados que ajudaram na vitória de Trump há quatro anos: Arizona, Geórgia, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin.

A mídia projetou vitórias para o magnata republicano para os outros 25 estados do país, incluindo a Flórida e o Texas, assim como em Indiana, Kentucky, Missouri e Ohio. Todos são estados que ele ganhou em 2016. Nebraska dividiu seus votos eleitorais entre os dois candidatos — quatro para Trump e um para Biden. O Maine foi vencido pelo presidente eleito, mas ele obteve apenas três dos quatro votos eleitorais, com o último atribuído ao atual ocupante da Casa Branca.

Pequim

Horas antes da projeção final de vitória, a China congratulou Joe Biden por sua eleição como presidente dos Estados Unidos, sete dias depois do anúncio da conquista do democrata. "Respeitamos a escolha do povo americano. Enviamos nossas felicitações a Biden e a (vice-presidente eleita, Kamala) Harris", declarou o porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin.

Muitos líderes mundiais parabenizaram o presidente eleito ainda em 7 de novembro, quando a vitória foi anunciada, mas Pequim adiou, alegando que desejava esperar os resultados definitivos da eleição.
Com Trump cada vez mais isolado, Peter Navarro, um dos assessores econômicos do republicano, afirmou, ontem, que a Casa Branca está se preparando para a continuação do governo do magnata. "Continuamos trabalhando com a suposição de que Trump terá um segundo mandato", disse Navarro à Fox Business. "Acho que é realmente importante (...) entender que queremos cédulas verificáveis, um escrutínio que possa ser certificado e uma investigação sobre o número crescente de alegações de fraude feitas por testemunhas que assinaram declarações escritas sob juramento", acrescentou.