Correio braziliense, n. 20972, 24/10/2020. Brasil, p. 5

 

Só 10% da população testaram para a covid

Carinne Souza 

24/10/2020

 

 

A Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (Pnad) Covid-19, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mostrou que, até o mês de setembro, 21,9 milhões de brasileiros fizeram algum teste para saber se estavam infectados pelo novo coronavírus. Representa dizer que somente em torno de 10% da população do país –– que tem aproximadamente 211,8 milhões de habitantes, conforme o mesmo IBGE divulgou em 27 de agosto passado –– foram submetidos aos exames para saber se tinham a covid-19. Desses, 4,8 milhões receberam diagnóstico positivo. O resultado também mostrou um aumento em relação a agosto, que contabilizou 17,9 milhões de pessoas testadas.

Segundo o instituto, quanto maior o nível de escolaridade, maior o porcentual de testados: entre as pessoas sem instrução ao fundamental incompleto, 5,5% passaram por algum exame, contra uma fatia de 21,5% dos brasileiros com ensino superior completo ou pós-graduação.

O acesso à testagem também tem relação com a renda. Quanto maior a classe de rendimento domiciliar per capita, maior o porcentual daqueles que realizaram algum exame para a covid-19, chegando a 20,9% entre as pessoas no 10º mais elevado de renda, mas descendo a 5,4% no primeiro décimo e 5,5% no segundo décimo.

O Distrito Federal foi a unidade da Federação que mais realizou exames, representando 22% de todos os que foram feitos no país. Em seguida, aparecem Piauí e Goiás, com 17% e 16%, respectivamente. Pernambuco foi o que menos testou para a doença: apenas 6,8%. O Acre aparece em seguida, com 6,9%, e Minas Gerais, com 7,8%.

Tipos de testes

Em relação ao tipo de teste, o rápido, feito com a coleta de sangue por um furo no dedo, foi o mais procurado, com 9,8 milhões de testagens e 17,3% de resultados positivos. Em seguida, oSWAB ou RT-PCR, que usa secreção nasal ou oral para diagnóstico, foi realizado por 8,8 milhões de pessoas. Desses, 25,9% constataram a doença. O teste com coleta de sangue no braço foi feito por 6,3 milhões de brasileiros e 25,6% tiveram a covid confirmada.

A pesquisa também indicou que 9,2 milhões de pessoas (4,4% da população) apresentaram algum dos sintomas pesquisados de síndromes gripais em setembro. Desses, 24,1% procuraram atendimento em alguma unidade de saúde. Das pessoas que apresentaram os indicativos que se enquadram em síndrome gripal, 56,7% eram mulheres, 47,5% tinham entre 30 e 59 anos e 55,7% se declararam de cor preta ou parda.

O mês analisado pela Pnad contabilizou 46,7 milhões de pessoas com alguma doença crônica, cerca de 22,1% da população. A incidência de coronavírus nessa população foi de 3,0%, de acordo com a pesquisa.

A sondagem também indicou que as pessoas com idade entre 30 e 59 anos foram as que mais testaram para o coronavírus, representando 14,3% dos registros. Em seguida, o grupo etário de 20 a 29 anos, somou 12,1%. Entre aqueles com 60 anos ou mais, apenas 9,2% realizaram algum teste.

Isolamento social

Entre os 211,8 milhões de brasileiros, apenas 16,3% da população, cerca de 34,5 milhões, ficaram em isolamento social total. Cerca de 84,1 milhões (39,8%) reduziram o contato com outras pessoas, mas continuaram saindo de casa. A maior parcela da população, 85,3 milhões (40,3%), ficou em casa e só saiu em caso de necessidade básica.

O Norte apresentou o índice mais baixo de isolamento, de acordo com o mês analisado pela pesquisa. Em comparação com agosto, a região mostrou uma redução de 3,8 pontos percentuais (p.p.) das pessoas que ficaram rigorosamente isoladas e aumento de 4,3 p.p. daqueles que reduziram o contato, mas continuaram saindo de casa.

As mulheres também foram as que mais aceitaram as medidas de isolamento, se comparadas com os homens. Em relação aos grupos de idade, a restrição ficou maior entre aqueles com até 13 anos, representando 44,3%. As faixas etárias mais jovens e as mais avançadas apresentaram queda na proporção dos que ficaram rigorosamente isolados em relação a agosto: queda de 8,1 p.p para 4,8 p.p.

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Gangorra: em 24h, casos caem e mortes sobem 

Renata Rios 

Edis Henrique Peres

24/10/2020

 

 

O Brasil continua vivendo a gangorra da infecção da covid-19. De acordo com os dados informados pelo Ministério da Saúde, em 24h houve um recuo: 30.026 pessoas tiveram confirmação do diagnóstico contra 33.862 registrados entre quinta e quarta-feira (24.818). Mas, no número de mortes, houve aumento no período: 571 óbitos contra as 498 registradas no dia anterior. O saldo é que são 156.471 vidas perdidas desde o começo da pandemia e 5.353.656 casos.

O número de pessoas que estão em acompanhamento representa 7,5% do total de contaminados –– 399.313 casos. Outros 2.374 ainda estão em investigação e, do número de infectados, há 4.797.872 pessoas recuperadas.

Em relação aos povos indígenas, o secretário Especial de Saúde Indígena, Robson Santos da Silva, informou que de 30 de setembro até 13 de outubro foram realizados 2.660 procedimentos a essas comunidades, que incluíram consultas, vacinação e testagem para a covid-19. Segundo o secretário, ao todo foram 755 mil pessoas atendidas. Deste total, 31.885 contraíram a doença e, atualmente, 3.797 continuam infectados. Ao todo, seriam 470 óbitos registrados.

Das 27 unidades da Federação, 24 registram números acima de mil mortos pelo novo coronavírus: São Paulo (38.608), Rio de Janeiro (20.115), Ceará (9.244), Pernambuco (8.531), Minas Gerais (8.686), Bahia (7.384), Pará (6.690), Goiás (5.472), Rio Grande do Sul (5.482), Paraná (5.035), Amazonas (4.432), Maranhão (3.978), Espírito Santo (3.773), Mato Grosso (3.718), Distrito Federal (3.613), Paraíba (3.038), Santa Catarina (3.015), Rio Grande do Norte (2.558), Piauí (2.327), Alagoas (2.201), Sergipe (2.163), Mato Grosso do Sul (1.538), Rondônia (1.431), Tocantins (1.078). Apenas três estados registram menos de mil vidas perdidas: Acre (686), Amapá (740) e Roraima (691).