Valor econômico, v. 21, n. 5131, 19/11/2020. Internacional, p. A17

 

Nos EUA e na Europa, mortes por covid-19 estão em alta

19/11/2020

 

 

EUA e Europa enfrentam disparada no número de novas infecções, o que está sobrecarregando os sistemas de saúde. Nível de hospitalização nos EUA é recorde

O número diário de mortes por covid-19 no mundo atingiu o recorde de 10.816 ontem, segundo contabilização realizada pela agência de notícias Reuters. O aumento das mortes na Europa e nos EUA, onde a epidemia avança em ritmo acelerado, puxou a estatística. Ontem os EUA superaram 250 mil mortes no total.

O recorde global anterior de mortes diárias era de 10.733, registrado em 4 de novembro, segundo a contagem da Reuters.

O aumento no número de casos e de hospitalizações nos últimos dias sugere que as mortos deve continuar a subir nesses regiões, que estão entrando no inverno. Apesar dos resultados positivos dos testes de várias vacinas, a expectativa é que ainda levará meses para ter uma vacinação em massa

Os EUA lideram o mundo no número médio diário de novas mortes relatadas, sendo responsável por uma em cada 12 mortes em todo o mundo, de acordo com uma análise da Reuters. Brasil e Índia são os dois outros países que tiveram mais de 100 mil mortes desde que a epidemia de covid-19 começou, em janeiro, na China. O Brasil teve cerca de 167 mil, enquanto a Índia superou 131 mil.

Na Europa, o Reino Unido é o único país a registrar mais de 50 mil mortes devido à pandemia, seguido por Itália e França, que se aproximam de 47 mil. A França se tornou na segunda-feira o primeiro país europeu a superar a marca de 2 milhões de casos confirmados de covid-19.

O número de mortes diárias nesta segunda onda da epidemia na Europa já supera o da primeira onda, em março e abril em vários países europeus. A Áustria, por exemplo relatou ontem mais de 100 mortes num dia pela primeira vez. A Polônia relatou ontem o recorde de 603 mortes em 24 horas.

As mortes estão crescendo nos EUA e na Europa devido à disparada do número de novas infecções, o que está sobrecarregando os sistemas de saúde. Quase todos esses países estão com números recordes de hospitalização e de ocupação de leitos em terapia intensiva.

Nos EUA, as hospitalizações continuam aumentando. Havia 76.823 pessoas hospitalizadas na terça-feira, segundo o Covid Tracking Project, um recorde e o oitavo dia seguido acima de 60 mil.

No entanto, com a introdução de novas medidas de lockdown no início de novembro, alguns países europeus, como a França, já começam a ter uma estabilização no número de novos casos.

Em meio a uma terceira e significativa onda de novos casos de coronavírus, os EUA adicionaram 50 mil mortes relacionadas à covid-19 nos últimos 60 dias, elevando o número total de mortos para 250.029 ontem.

O número de mortes permaneceu acima de mil por dia em oito dos últimos nove dias no país, de acordo com uma média de sete dias de dados compilados pela Universidade Johns Hopkins. A última vez que as mortes ficaram acima de mil foi no final de agosto, durante o fim da segunda onda de infecções nos EUA. Em abril e maio, quando a pandemia começou, atingindo o Nordeste do país, o número de mortes diárias subiu para mais de 2.000 por dia, à medida que o vírus se espalhava dentro de instalações de assistência médica e regiões densamente povoadas de Nova York e Nova Jersey.

Os novos casos confirmados passaram de 40 mil por dia para 150 mil nas últimas seis semanas, e as mortes diárias aumentaram de forma constante nesse período.

O número de mortes neste fim de ano, embora continue subindo, é menor em relação ao número de casos confirmados, que vem seguidos batendo recordes nos EUA e na Europa. Epidemiologistas e autoridades de saúde pública dizem que muitos fatores contribuíram para uma taxa de mortalidade menor do que nos meses anteriores, incluindo detecção precoce devido ao aumento da disponibilidade de testes, mais jovens infectados e melhores tratamentos e terapêuticas para combater o vírus.

Ao contrário da Europa, onde os países há semanas já entraram em lockdown ou adotaram medidas rígidas de isolamento social, nos EUA os Estados estão adotando aos poucos medidas ainda tímidas.