O globo, n. 31848, 17/10/2020. Sociedade, p. 20

 

Doria diz que vacinação em SP será obrigatória

17/10/2020

 

 

Segundo o governador, a última fase dos testes termina neste final de semana, com previsão de envio de relatório com informações à Anvisa na próxima segunda-feira; Bolsonaro reafirma que não adotará imunização compulsória
O Governo de São Paulo informou ontem que a vacina contra o novo coronavírus será obrigatória no estado, com exceção de pessoas que tenham alguma contra-indicação médica. Segundo o governador, João Doria, "medidas judiciais" serão adotadas caso haja oposição. - Posso garantir que aqui os 45 milhões de brasileiros serão vacinados. Em São Paulo, a vacinação será obrigatória, a menos que o cidadão tenha orientação ou atestado médico de que não pode se vacinar. Tomaremos medidas judiciais se houver alguma contradição a esse respeito. Não é possível em uma pandemia vacinar alguns e não vacinar outros. Enquanto temos pessoas não vacinadas em larga escala, teremos a presença do vírus - frisou o governador. Ainda durante o coletivo, Doria afirmou que os testes finais da Terceira Fase do CoronaVac com 13 mil voluntários em sete estados brasileiros terminam neste final de semana. Até então, nenhum efeito adverso significativo foi relatado. A previsão é que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) receba um "sumário" com as informações sobre os testes já na próxima segunda-feira, podendo, portanto, apresentar um parecer sobre a validação da vacina chinesa.

- O monitoramento (dos testes) é feito simultaneamente pelo Instituto Butantan e pela Anvisa. Os dados são fornecidos diariamente. O relatório será entregue na segunda-feira, mas hoje a Anvisa já está com todos os dados disponíveis, até o momento sem nenhuma garantia, com testes positivos - concluiu Doria. A discussão sobre a compra ou não da vacina chinesa pelo Ministério da Saúde ganhou novo capítulo nesta semana. Em carta enviada à pasta, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) solicitou que o CoronaVac fosse incluído no Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Até agora, o ministério tem apoiado acordos apenas para comprar a vacina da AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, no Reino Unido, e Covax, um consórcio global. No documento, O Conass afirma que existe a possibilidade de "disponibilidade imediata" de doses do CoronaVac já em dezembro deste ano. Além disso, pede a incorporação de imunizantes que tenham "condições de eficácia, segurança e produção disponível" para iniciar a vacinação em janeiro de 2021. Em reunião esta semana com secretários de saúde, o ministério não citou o CoronaVac no PNI, o que ocasionou constrangimento no governo de São Paulo. No dia 21, Doria irá a Brasília para um encontro com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para uma conversa "definitiva" sobre o tema. A expectativa do governo de São Paulo é que o governo federal sinalize a compra de doses do CoronaVac para fazer uma imunização nacional.

Governo de São Paulo quer iniciar imunização no estado por profissionais de saúde, a partir de 15 de dezembro, se o imunizante for aprovado pela Anvisa. Em seguida, os professores devem formar o segundo grupo a ser vacinado. A previsão é que o Instituto Butantan receba 6 milhões de doses ainda este mês. Ontem, em post no Facebook, o presidente Jair Bolsonaro voltou a se posicionar contra a vacina obrigatória: "o governo brasileiro não vê necessidade de adotar tais medidas nem vai recomendar sua adoção pelos gestores locais" "