Presidente da instituição critica ex-ministra, para quem a exclusão ocorreu ''pela importância das causas que defende”

 O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, excluiu o nome da ex-ministra Marina Silva da lista de personalidades negras da instituição. Em publicação nas redes sociais, ele afirmou que o ex-candidato à Presidência pela rede “não tem contribuição relevante para a população negra” e que “disputar a eleição não é mérito”. A decisão foi repudiada pela rede e pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Na publicação que anuncia a desistência, Camargo afirma que a permanência de Marina na galeria foi "insustentável". O presidente da Fundação também criticou a atuação do ex-ministro.

“Seu ambientalismo (de Marina) tem sido questionado e não é o caso da atuação da instituição (...) Segundo os críticos, enquanto o povo da Amazônia adoecia, Marina Silva recebia prêmios de sustentabilidade na Europa. ela na galeria de personalidades negras da Fundação Palmares era insustentável e injustificável ”, completou Camargo.

Ainda segundo a dirigente da Fundação Palmares, Marina se autodeclarou negra "por conveniência política". Camargo também citou outros nomes que, segundo ele, "são pretos por conveniência".

“Não é um caso isolado. Jean Willys (ex-deputado), (deputado federal) Taliria Petrone, (deputado) David Miranda (branco) e o negro Gil também são negros por conveniência. Posando de 'vítima' e 'oprimido' paga dividendos eleitorais e, em alguns casos, dividendos financeiros. "

OPINIÃO "SEM BALASTRO"

No mesmo dia em que Camargo excluiu o ex-ministro da galeria, Marina participou de uma transmissão ao vivo sobre meio ambiente que contou também com a participação do Papa Francisco. Ao jornal Nacional, a ex-ministra afirmou que a exclusão dela e de outras pessoas foi motivada pelas causas defendidas.

- Personalidades não foram excluídas por serem irrelevantes, mas certamente pela importância das causas que defendem. Aqueles que se opõem aos que lutam contra o preconceito tentam eliminar aqueles que defendem a civilização. A história é feita por quem persiste na democracia - afirmou Marina.

Em nota de repúdio às declarações de Camargo, a rede afirmou que Marina tem “mais de 60 homenagens: prêmios, títulos, reconhecimentos”.

“A opinião de um tal dirigente não tem a menor relevância para os critérios de quem o reconheceu como digno de prêmios, títulos e reconhecimentos. Mas se trata de lamentar a degradação da gestão pública em nosso país, o desmantelamento de nossas conquistas sociais, cultural e econômica ”, diz o texto.

Ainda nas redes sociais, Fernando Henrique classificou a decisão como "absurda" e sublinhou que o mês de março é "relevante como pessoa e como política". Jean Wyllys, citado por Camargo, afirmou que o presidente da Fundação Palmares é um "desqualificado". Taliria Petrone afirmou que a presidente da Fundação “desvia a função primária do órgão”. Para David Miranda, Camargo é “um inimigo da luta anti-racista”.

No final de setembro, o presidente da Fundação Palmares também retirou da galeria das personalidades negras o nome da deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), candidata à Prefeitura do Rio. Na ocasião, ele argumentou que o petista responde a um processo por improbidade administrativa. Benedicta afirmou que iria à Justiça pelo suposto crime de racismo.