O globo, n. 31843, 12/10/2020. País, p. 4

 

Verba concentrada

Natália Portinari

12/10/2020

 

 

Partidos privilegiam candidatos com mandato e caciques locais

 Art publishing

PRIORIDADES DA LEGENDA Candidatos que receberam mais recursos de seus partidos até agora

Na largada das eleições, os partidos favorecem a distribuição de verbas a candidatos veteranos e chefes locais. Quem foi eleito em 2018, 2016 ou 2014 recebeu quase cinco vezes mais verbas eleitorais e partidárias em relação aos que não foram eleitos nessas ações. O primeiro grupo recebeu em média R $ 232 milha e o segundo, R $ 49 mil até agora.

Primeiro colocado entre os candidatos que receberam mais recursos, João Campos (PS B) recebeu R $ 7,5 milhões, 36% do dinheiro distribuído pela lenda até agora. Deputado federal, Campo é herdeiro político de seu pai, o ex-governador Eduardo Campos, e comanda a disputa pela prefeitura do Recife. Em segundo lugar, está um velho conhecido da política amazônica: Alfredo Nascimento (PL) já foi deputado federal, senador, ministro dos transportes nos governos Lula e Dilma e agora tenta retornar à Prefeitura de Manaus, que já comandou entre 1997 e 2004. Em 2018, concorreu ao Senado, mas ficou apenas em quarto lugar.

Outros da mesquita estão entre os dez candidatos mais beneficiados estão ligados ao comando de seus partidos, como José s arto (PDT), que manterá a hegemonia do clã Ferreira Gomes em Fortaleza, Ceará, e Bruno Reis (DEM) , que ocupa o cargo de Vice-Prefeito de Salvador e tenta suceder ACM Neto, presidente nacional da sigla. Apesar do fraco desempenho nas pesquisas eleitorais, Jilmar Tatto (PT), candidato em São Paulo, isopet ista quem mais recebeu até agora. O grupo dos dez concentra, até agora, 18% de todo o dinheiro distribuído pelos partidos, ou R $ 40 milhões - somando-se os fundos eleitorais, principalmente para as eleições, e o partido.

O senador José Maranhão, presidente do MD B na Paraíba, diz que a desigualdade encontrada no início dessa corrida eleitoral é “absurda” ”, mas reconhece que o dinheiro pode até parecer muito, mas não é suficiente para subsidiar todas as campanhas. O Senado é responsável pela divisão de R $ 148 milhões para todos os candidatos de seu estado. “Não se pode ter privilégio”, diz Maranhão.

DESIGUALDADE SE REPETE

A desigualdade na distribuição repete o que ocorreu em 2018, as primeiras eleições com a utilização de um fundo especial para financiamento de campanha. A média de recursos públicos para os candidatos já eleitos antes era cinco vezes maior do que a recebida pelos noviços, identificou o globo.

Luma Franco, candidata a vereadora em Lagoa Grande (MG) pelo PSB, achava que teria recursos do fundo eleitoral, mas foi alertada pelo partido que terá apenas uma doação de 5 mil santinhos e um oficial. E depois de 28 anos, a prefeitura de trabal Havana e o Andecandidat apelam pela primeira vez.

- Pensei em desistir, mas estou recebendo ajuda da minha família. Fiz um orçamento de $ 6,7 mil. Não é muito, mas para mim é muito dinheiro, sou pobre. Minha mãe e minha família estão me ajudando a fazer as visitas - afirma Luma, lembrando que, como mulher, já é difícil competir com pessoas com mais história no meio político.

No início da distribuição do dinheiro, o PP mandou mais dinheiro para a diretoria do Piauí, de onde o morador do partido, senador Ciro Nogueira. O estado recebe R $ 11 milhões, 26% do valor distribuído pela sigla até agora. A festa tem direito a R $ 140 milhões.

Cyrus diz que a distribuição depende da assinatura dos governantes de um acordo de respeito às mulheres e às fronteiras raciais para a distribuição de dinheiro, o que ainda não ocorreu em todos os estados.

—Eu só libero o dinheiro para os estados quando esse prazo chega ao Nacional (direção). O Piauí já mandou, então ele mandou. Ao final da distribuição, o Piauí terá uma fatia mínima garantida.

Para o presidente do PSB, Carlos Siqueira, os repasses ainda estão no início e os dados são insuficientes para concluir se há concentração ou não - os partidos distribuíram apenas uma fatia de R $ 202 milhões dos R $ 2 bilhões aos quais eles têm direito no Fundo Eleitoral. O caso de João Campos é excepcional, diz ele, porque a diretoria estadual já pediu ao partido que o repasse diretamente ao candidato, o que ainda não ocorreu com outros nomes.

Presidente do PCdoB na Bahia, o deputado federal Daniel Almeida disse ter adotado algumas medidas para não criar desigualdades. Todos os candidatos terão direito a material impresso da diretoria estadual, por exemplo. Na distribuição dos recursos, serão privilegiados candidatos a prefeito.

- Temos 1.800 candidatos ao conselho. Se fosse dividir igualmente, seria uma quantia muito pequena, então o agente transformou nessa doação de material. Ninguém vai dizer que não recebeu recursos do Fundo Eleitoral.

O PL já repassou R $ 20 milhões. Metade foi para Alfredo Nascimento, em Manaus, e a deputada federal Christiane Yared, em Curitiba. O partido afirmou em nota que “os critérios adotados pelo partido foram aprovados pelo TSE e estão dentro do previsto na lei. Esses critérios fazem parte da estratégia traçada pela The Legend para maximizar os resultados nas eleições de 2020”.