O globo, n. 31842, 11/10/2020. Sociedade, p. 17

 

Brasil tem mais de 150 mil mortes por Covid-19

Rafael Garcia

11/10/2020

 

 

Pais rompe marca em cenário no qual queda da mortalidade pela doença custa a se consolidar; médicos atribuem demora a políticas de reabertura sem rastreamento de contatos e testagem em nível adequado

 O Brasil ultrapassou neste sábado (10) a marca de 150 mil mortes pela Covid-19, no momento em que o pico da doença já está há um mês e meio em declínio. A taxa de redução, entretanto, é lenta. O número exato de mortes que o Brasil registrou na tarde de ontem é de 150.023, em um total de 5.073.483 casos, incluindo ocorrências não letais. O número foi levantado pelo consórcio de veículos de imprensa que realiza contagem independente do número de mortos. Além do GLOBO e do Extra, eles fazem parte do consórcio G1, Folha de S. Paulo, do Estado de São Paulo e UOL.

A história dos números mostra que, um mês e meio depois de sair da cifra de mil mortes diárias (pico que virou planalto), o país ainda registra uma média de 600 mortes por dia, ainda alta. - Vemos no Brasil uma evolução da epidemia muito semelhante à História natural da doença, e percebemos que não haverá uma queda abrupta na curva de mortalidade como vimos em outros países - afirma Alberto Chebabo, vice-presidente da a Sociedade Brasileira de Infectologia. - Vamos nos arrastar nessa primeira leva de casos que parece nunca acabar, até que ela perca as forças naturalmente ou até que tenhamos uma vacina que resolva.

REABERTURA PREOCUPA

Uma preocupação dos médicos é que essa dificuldade em reduzir o número de óbitos ocorra em um cenário em que grande parte das

As grandes cidades do país já estão em processo de reabertura da economia.

- Não há uma quantidade adequada de exames aqui para fazer frente à pandemia e há uma estratégia para rastrear contatos como em outros países - afirma Chebabo, que aponta a falta de liderança como um dos problemas. - O trabalho do Ministério da Saúde é falho.

Raquel Stucchi, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, diz se preocupar com o efeito do cansaço que as pessoas estão sentindo ao manter as medidas de contenção.

“Estamos nisso há tanto tempo que acabamos não nos impressionando e até banalizando os números”, diz Stucchi. - Mas não podemos nos acostumar com 600 mortes por dia. E vivemos um período ainda mais longo com o novo coronavírus. É possível ter uma medida de quão lenta está a desaceleração da epidemia no Brasil, se dividirmos as 150 mil mortes em cinco estágios. A primeira fase de 30.000 mortes levou 76 dias para ser concluída, mas as três seguintes foram concluídas em um mês cada. A última etapa não demorou muito para fechar: 42 dias. O número de mortes, dizem os médicos, é subnotificado, o que é normal até certo ponto para novas epidemias. O SBI trabalha com um cenário em que cerca de 20% das mortes por Covid - 19 não são atribuídas ao novo coronavírus.

PRESTAÇÃO DE CONTAS

Em entrevista coletiva concedida anteontem por integrantes do Ministério da Saúde, a pasta disse ter distribuído 7,5 milhões de exames diagnósticos do tipo PCR, padrão para diagnóstico de pacientes sintomáticos. Um sinal de que o número é pequeno é que o país já tem mais de 5 milhões de casos confirmados.

Não houve menção na entrevista ao número específico de óbitos registrados pela doença. O secretário executivo da pasta, Elcio Franco, destacou os recuperados:

- O Ministério da Saúde lamenta as centenas de milhares de mortes resultantes da Covid - 19, ao mesmo tempo que fortalece a força do nosso sistema de saúde unificado com mais de 85% de recuperação entre os afetados pela Covid-19. Questionado sobre o atraso na queda do número de óbitos, Franco não apontou um motivo específico - - a queda está sendo constante e estável. Isso indica que não estamos resolvendo totalmente o problema da doença, mas somos capazes de controlar seus efeitos. Especialistas ouvidos pelo mundo atribuem a queda no número de mortes pela Covid-15 a medidas de distanciamento social. Em alguns lugares, como Manaus (AM), os médicos acreditam que a população que sobreviveu à doença está oferecendo imunidade coletiva parcial. Franco, entretanto, destacou outra causa como a queda na mortalidade diária pelo novo coronavírus. 

—Podemos destacar a região Sul, já podemos observar uma queda na incidência de casos e também na incidência de óbitos, também devido ao tratamento precoce que está ocorrendo nesses estados - disse o Secretário Executivo do Ministério da Saúde . Franco afirmou no coletivo que um componente do tratamento é a cloroquina, medicamento, da qual 5,8 milhões de unidades já foram distribuídas pelo ministério. Embora o governo liste artigos que comprovem a eficácia do medicamento, as sociedades médicas criticam sua indicação no Brasil. também devido ao tratamento precoce que está ocorrendo nesses estados - afirmou o secretário executivo do Ministério da Saúde.

 Franco afirmou no coletivo que um componente do tratamento é a cloroquina, medicamento, da qual 5,8 milhões de unidades já foram distribuídas pelo ministério. Embora o governo liste artigos que comprovem a eficácia do medicamento, as sociedades médicas criticam sua indicação no Brasil. também devido ao tratamento precoce que está ocorrendo nesses estados - afirmou o secretário executivo do Ministério da Saúde. Franco afirmou no coletivo que um componente do tratamento é a cloroquina, medicamento, da qual 5,8 milhões de unidades já foram distribuídas pelo ministério. Embora o governo liste artigos que comprovem a eficácia do medicamento, as sociedades médicas criticam sua indicação no Brasil.