O globo, n. 31839, 08/10/2020. País, p. 6

 

Na despedida, Celso de Mello defende democracia e Corte

André de Souza

08/10/2020

 

 

Supremo faz homenagem surpresa para o ministro, que se aposentará semana que vem

 Prestes a se aposentar após 31 anos no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Celso de Mello recebeu mais uma homenagem de seus colegas. A última sessão dele no plenário da Corte é amanhã, mas os demais ministros anteciparam ontem os elogios, sem o conhecimento prévio de Celso, que é o mais antigo integrante do STF. Nos discursos, houve também espaço para a defesa da democracia e do tribunal, como fez o próprio Celso ao agradecer a homenagem.

—Os magistrados deste alto tribunal, por suas qualidades e atributos, sempre estarão, como sempre estiveram, à altura das melhores e das mais dignas tradições históricas da Suprema Corte brasileira, especialmente em delicado momento de nossa vida institucional, no qual se ignoram os ritos do poder, e em que altas autoridades da República, por ignorarem que nenhum poder é ilimitado e absoluto, incidem em perigosos ensaios de cooptação de instituições republicanas cuja atuação só se pode ter por legitima quando preservado o grau de autonomia que a Constituição lhes assegura.

A ministra Rosa Weber ressaltou em discurso a defesa que Celso fez da democracia, da liberdade e das minorias. Já Alexandre de Moraes destacou o papel de Celso em defesa da Corte.

Na terça, em sua última sessão na 2ª Turma, Celso de Mello também foi homenageado. Ele e Gilmar Mendes chegaram a chorar.

O primeiro discurso de ontem coube a Cármen Lúcia, que afirmou ser Celso um homem “intransigente com a desonestidade, com a corrupção, com a promiscuidade”.