O globo, n. 31837, 06/10/2020. Rio, p. 17

 

Bando recebia auxílio emergencial na cadeia

Rafael Nascimento de Souza

06/10/2020

 

 

Dez traficantes de Arraial do Cabo presos no Complexo de Gericinó, no Rio, usaram dois celulares para fazer O cadastramento e receberam de três a quatro parcelas de R$ 600 do governo federal, segundo investigadores

 Pelo menos dez traficantes de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, fizeram cadastramento dentro da prisão e receberam parcelas do auxílio emergencial do governo federal, destinado a desempregados e pessoas mais necessitadas durante a pandemia do coronavírus. Segundo o delegado Renato Mariano, titular da 25ª DP (Engenho Novo), os bandidos usaram dois celulares levados para o Instituto Penal Vicente Piragibe e o Instituto Moniz Sodré, ambos localizados no Complexo de Gericinó, para aplicar o golpe. Entre três e quatro parcelas de R$ 600 foram pagas aos criminosos, totalizando pelo menos R$ 18 mil.

Ontem, agentes da 25ª DP realizaram uma operação contra a quadrilha à qual pertence o grupo, que tem ligações com bandidos do Complexo da Maré. Foram expedidos pela Justiça 11 mandados de prisão temporária — cinco dos alvos já estavam detidos — e quatro de busca e apreensão contra adolescentes que atuavam no tráfico de drogas em Arraial do Cabo.

A operação — batizada de Líbero —foi resultado de uma investigação iniciada no ano passado. Segundo a Polícia Civil, Carlos Humberto Antunes Gaze, o Beto Branco, é o responsável pelo tráfico de drogas na comunidade de Monte Alto, em Arraial. De acordo com o delegado Renato Mariano, o suspeito, que foi capturado, também dava as ordens numa quadrilha do Parque União, no Complexo da Maré, e costumava circular pela Região dos Lagos. Ele está entre os beneficiados com o auxílio emergencial.

Além de responderem pelos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico, os acusados pela Polícia Civil serão indiciados por lavagem de dinheiro. O Ministério da Cidadania informou, em nota, que tem atuado com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal para garantir a persecução penal de quem pratica crimes relacionados ao auxílio emergencial.