O globo, n. 31837, 06/10/2020. País, p. 8

 

De Taliban a Ajai 0000, Brasil tem 2.670 candidatos gringos

Victor Farias

06/10/2020

 

 

Estrangeiros naturalizados representam 0,5% dos postulantes

 Nascido no Irã, Farvardin Esazade, brasileiro naturalizado, decidiu se candidatar pela primeira vez este ano a vereador de Pindamonhangaba (SP) identificado como Taliban, apelido que recebeu de um ex-chefe que não sabia pronunciar o seu nome. Mas o fato de Talibã também ser a denominação de um movimento extremista muçulmano que atua no Paquistão e Afeganistão não lhe incomoda: Farvardin diz que se tornou um termo carinhoso.

—Eu trabalhava para um barraqueiro, que me chamou de Taliban. Um amigo dele escutou, e me chamou assim também. E ficou. Até a minha mulher, às vezes, me chama de Taliban —conta, num português cheio de sotaque.

No Brasil desde 1998, quando se mudou após se apaixonar por uma brasileira que conheceu no Japão, Taliban conta que sempre teve interesse no país e que decidiu se candidatar porque aqui há um “câncer político”. Assim como ele, outros 2.659 candidatos, entre pessoas nascidas na China, no Japão, no Uruguai e no Irã, estão concorrendo na eleição municipal deste ano —número que representa 0,5% do total de candidaturas.

O Sudeste é a região com mais candidatos gringos: são 1.041, seguido pelo Nordeste, com 721. São Paulo lidera entre os estados, com 534 nomes. A maioria deles concorre a cargos em câmaras municipais (2.511), mas também há candidatos a viceprefeito (85) e a prefeito (94).

A naturalização é necessária para validar o registro numa eleição, já que a legislação brasileira não permite que estrangeiros concorram.

Os nomes dos candidatos muitas vezes indicam que são estrangeiros: há o China Brasil da Motinho, que concorre em Foz do Iguaçu (PR); Gringo, em Charqueada (SP); e Rogério Lisboa Portuga, em Joinville (SC).

GRITO DE GUERRA

Ajayi Adegbite decidiu se candidatar a vereador em Salvador (BA), com as bandeiras de defesa do meio ambiente e do saneamento básico.

Filho de um ex-rei da pequena cidade de Osu, no estado de Osun, segundo conta, Ajayi veio ao Brasil em 1998 estudar Letras na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e se apaixonou pela natureza do país. Para disputar na capital baiana, ele escolheu como nome eleitoral Ajai Oooo, grito que Carlinhos Brown tornou conhecido e comum nos carnavais de Salvador. Mas a representatividade também pesou, já que, conta o candidato, trata-se do nome de um guerreiro nigeriano e um grito de guerra.

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Plataforma terá dados sobre educação, trabalho e juventude

06/10/2020

 

 

Ferramenta JET permitirá que gestores acessem um raio-x dos setores para criar políticas públicas

 Entra no ar hoje a Plataforma JET —Juventude, Educação e Trabalho, que reunirá dados, análises, conteúdo audiovisual, gráficos e mapas sobre esses três temas essenciais para o futuro do país. Gratuita, a JET permitirá acesso a diversos bancos de dados, ajudando gestores públicos e privados a formular iniciativas e políticas para esses três campos.

Além da segmentação por município, para os eleitores cobrarem os próximos prefeitos e vereadores, os painéis podem ser consultados por estado, região e à nível nacional. A plataforma é desenvolvida pela Fundação Roberto Marinho com apoio do Itaú Educação e Trabalho.

É possível conferir indicadores como acesso à escola, Ideb, situação dos jovens no mercado de trabalho, desemprego, além de índices como gravidez na adolescência e violência.

Segundo o secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, Wilson Risolia, a plataforma também pode servir para que os novos gestores formulem suas políticas públicas.

— Educação, juventude e trabalho são questões entrelaçadas. E essa plataforma facilita o trabalho do gestor que queria fazer um diagnóstico dos problemas e trabalhar em cima dele —diz Risolia.

O lançamento será às 16h30m, pelo YouTube do Canal Futura, com a participação da secretária de Educação de Minas, Julia Sant’anna; do colunista de educação do GLOBO, Antônio Gois; e do coordenador da Organização Internacional do Trabalho, José Ribeiro. A mediação será da jornalista e colunista Míriam Leitão.