O globo, n. 31833, 02/10/2020. Economia, p. 18

 

Arrecadação sobe 1,33% em agosto, 1ª alta desde a pandemia

Marcello Corrêa

02/10/2020

 

 

Resultado reflete recolhimento de impostos adiados pela crise sanitária

Pela primeira vez desde o início da pandemia, a arrecadação de impostos e contribuições registrou alta em relação ao ano passado. O montante de receitas da União em agosto ficou em R$ 124,5 bilhões, alta de 1,33%, já considerando a inflação do período.

Os dados foram divulgados ontem pela Receita Federal. O número é o melhor para o mês desde 2014, quando havia ficado em R$ 127,4 bilhões.

No acumulado do ano, a arrecadação está em R$ 906,4 bilhões, queda de 13,23% em relação ao mesmo período do ano anterior, principalmente por causa dos meses mais críticos da crise econômica causada pela pandemia de Covid-19.

O resultado positivo é divulgado após seis meses de arrecadação em queda. Em julho, a retração anual foi de 17,68%, para R$ 116,269 bilhões. No pior momento da recessão, a entrada de receitas chegou a recuar 32,92% em maio, para apenas R$ 78 bilhões.

O balanço é o primeiro a refletir a retomada das cobranças de impostos, que haviam sido suspensas. A medida foi anunciada em abril e estabeleceu que as parcelas de tributos federais que venceriam em maio seriam adiadas para agosto.

USO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS

Apesar do resultado positivo, o Fisco apurou que nem todos os impostos foram pagos em dinheiro. A expectativa do órgão era de R$ 23,2 bilhões em ingressos, mas só R$ 17,3 bilhões foram efetivamente arrecadados.

Segundo a Receita, essa diferença ocorreu porque uma parcela maior de contribuintes decidiu quitar as dívidas por meio de créditos tributários.

— Dentre as formas de quitação dos tributos, o contribuinte pode pagar em espécie, ou então mediante compensação de créditos tributários. Pelo crescimento das compensações tributárias, combinadas com os valores que nós apuramos, concluímos que os valores que foram diferidos foram todos recuperados —disse Claudemir Malaquias, chefe do Centro de Estudos Tributários da Receita Federal.