Correio braziliense, n. 20051, 03/10/2020. Política, p. 3

 

Presidente: "Nem sei se vou ser candidato"

Ingrid Soares 

03/10/2020

 

 

O presidente Jair Bolsonaro afirmou a apoiadores, ontem, que não sabe se concorrerá à reeleição. “Nem sei se vou ser candidato em 2022. Se não for, esses que estão me criticando vão ter excelentes opções. Vão ter (Fernando) Haddad, Ciro (Gomes), Marina (Silva) e (Geraldo) Alckmin sem problema nenhum”, disse, em tom irônico.

Questionado por um dos bolsonaristas se “teria coragem de ficar até 2026, indicar um sucessor e voltar para mais oito anos”, Bolsonaro desconversou e aproveitou a oportunidade para atacar a Argentina, sob comando do presidente Alberto Fernández e da vice, Cristina Kirchner.

“O pessoal que, de raivinha do (ex-presidente Maurício) Macri, votou na Cristina Kirchner, olha o que está acontecendo lá. Tem muita gente melhor do que eu por aí. Olha como está o país lá. Começou, há algumas semanas, a saída de argentinos. Estão indo para o Uruguai, para o Rio Grande do Sul e, brevemente, (a Argentina) vai estar igual à Venezuela. Os pobres vão sair a pé em direção ao Rio Grande do Sul”, disparou.

Nas últimas semanas, Bolsonaro tem dito que não está preocupado com reeleição. Sobre as críticas de que está criando o programa Renda Cidadã pensando em permanecer na cadeira presidencial por mais quatro anos, reclamou que “se nada faz é omisso, se faz está pensando em 2022”. Mas, independentemente de não se declarar candidato, tem agido como se estivesse em campanha e cumprido agenda em vários estados, sobretudo no Nordeste, reduto petista que pretende conquistar.

Também ontem, Bolsonaro afirmou que o desentendimento entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ministro da Economia, Paulo Guedes, é algo “natural”. “Eu não tenho problema com Rodrigo Maia nem com Paulo Guedes. Nós temos é, às vezes, desentendimento, o que é natural. Quero uma coisa e Rodrigo Maia, não quer; Paulo Guedes quer uma coisa, e eu não quero. Isso é natural”, explicou.

Guedes afirmou, no último dia 30, que há boatos de que Maia fez um acordo com a esquerda para não pautar as privatizações. O deputado rebateu imediatamente dizendo que “Paulo Guedes está desequilibrado”.