Correio braziliense, n. 20948, 30/09/2030. Economia, p. 9

 

IGP-M tem forte alta e pressiona aluguéis

Jailson R. Sena 

30/09/2020

 

 

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), usado como referência em contratos de aluguel, acelerou em setembro e registrou alta de 4,34%, bem acima dos 2,74% de agosto, que já havia mostrado forte elevação. Com este resultado, o índice acumula um avanço de 14,40% no ano e de 17,94% em 12 meses, segundo informou ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV).

Com a alta do IGP-M, os aluguéis que têm cláusula de reajuste baseada no índice ficam sujeitos a sofrer aumentos semelhantes. No entanto, o presidente da Comissão de Direito Condominial da Ordem dos advogados do Brasil (OAB), Antônio Marcos da Silva, diz que os valores podem subir, mas que não é o momento certo para isso. “Estamos em um momento de refluxo  da economia, no qual todos têm de negociar para manter os valores que são cobrados”, disse.

O advogado observa que, devido à pandemia da covid-19, muitas pessoas e empresas estão com “dificuldades, principalmente o setor do comércio”. Por isso, ele acredita que o aumento do IGPM não terá reflexo igual ao dos últimos anos. “O momento é de manter ou reduzir (o valor do aluguel) e encontrar soluções que diminuam a possibilidade de inadimplência”, acrescentou.

O coordenador de Índices de Preços da FGV, André Braz, observou que, neste mês, os três indicadores que compõem o IGP-M registraram aceleração, com destaque para o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que subiu 5,92%, ante 3,74% em agosto. O indicador foi influenciado pela alta das cotações do dólar e do preço das commodities no mercado internacional. “O IPA segue pressionado pela alta de commodities, como a soja em grão, que subiu 14,32% em setembro”, explicou Braz.

Na análise por estágios de processamento, a taxa do grupo de bens finais aumentou 2,83% em setembro. O que mais contribuiu para esse aumento foram os alimentos processados, cuja taxa passou de 2,98% para 5,99%, de agosto para setembro. O índice relativo a bens finais (ex), que exclui os subgrupos alimentos in natura e combustíveis para o consumo, subiu 3%, ante 1,49% no mês anterior.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), outro dos componentes do IGP-M, avançou 0,64% em setembro, ante 0,48% em agosto. Três das oito classes de despesa que integram o índice registraram alta. A principal delas veio do grupo educação, leitura e recreação (de -0,62% para 1,73%).

“No IPC, o destaque coube ao subgrupo recreação cuja variação foi de 4,77%, sob influência de passagens aéreas, que avançaram 23,74% nesta apuração”, destacou Braz.

Também apresentaram acréscimo os grupos alimentação (de 0,61% para 1,30%) e transportes (de 0,87% para 1,07%). Nessas classes de despesas, vale mencionar os seguintes itens: hortaliças e legumes (de -7,20% para -3,10%) e gasolina (de 2,66% para 3,36%).

Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) teve alta de 1,15% neste mês, ante 0,82% no mês anterior. “Entre os componentes desse indicador, destacam-se materiais e equipamentos, cujos preços avançaram em média 2,97% no mês e 9,67% em 12 meses”, finalizou André Braz.