Grupo, que também inclui bebidas, avança 0,78% no mês passado. Nos primeiros oito meses do ano, IPCA acumula alta de 0,7%. Arroz, leite longa vida e óleo de soja registram valorização de cerca de 20% no período

Arroz, leite longa vida e óleo de soja já acumulam alta de cerca de 20% este ano, segundo dados do IBGE, em um ritmo muito superior ao avanço da média dos preços da economia. De janeiro a agosto, a inflação medida pelo IPCA avançou 0,7%. Segundo especialistas, a escalada recente de produtos que fazem parte da cesta básica do brasileiro aumenta a percepção de avanço da inflação, mesmo em cenário de preços sob controle.

O comportamento dos alimentos já entrou na pauta do governo, que viu sua popularidade avançar nos últimos meses com o pagamento do auxílio emergencial. A escalada em itens da cesta básica tem impacto maior no bolso da população mais pobre, que dedica uma parcela maior de seu orçamento aos gastos com alimentação.

Somente em agosto, o grupo alimentação e bebida avançou 0,78%, mais do que a taxa de inflação do ano inteiro. Foi a segundam aior fonte depressão no indicador no mês, também afetado pela alta da gasolina (3,22%). O IPC Ado mês passado ficou em 0,24%. Foi a maior taxa para o mês desde 2016, mas o comportamento do índice como um todo ainda está muito abaixo da meta. A taxa acumulada em 12 meses foi de 2,44%. A meta do governo para este ano é de 4%.

Na avaliação de especialistas, três fatores explicam o aumento de preços: entressafra de alguns produtos, comportamento do dólar, que tornou o produto brasileiro mais competitivo e incentivou exportações e maior consumo com a injeção de R$ 50 bilhões por mês na economia com o pagamento do auxílio emergencial.

—No começo da pandemia, houve uma elevação de itens alimentícios como arroz e feijão, que são mais básicos, consumidos pela população de menor renda. Esse fator se justifica pelo auxílio emergencial,pelavariação cambial e pelo movimento de exportação de produtos como a soja, que influencia o óleo. O (aumento do preço do) leite, por exemplo, está associado à entressafra — diz Pedro Kislanov, gerente da pesquisa do IBGE.

Em agosto, algumas das principais altas vieram de itens como tomate (12,98%), óleo de soja (9,48%), carnes (3,33%) e arroz (3,08%). Em 12 meses, a alimentação no domicílio subiu 11,39%.

— Tivemos entressafra, problema de pastagem no Centro-Oeste, na oferta de arroz e tomate por causa do clima em algumas regiões — afirma Étore Sanchez, analista da Ativa Investimentos.

Na contramão, um dos fatores que contribuiu para segurar o índice foi o grupo educação, com queda de 3,47%, em razão dos descontos aplicados por escolas e cursos.