O Estado de São Paulo, n.46285, 08/07/2020. Política, p.A6

 

'Precisamos agir de forma séria', diz diretor-geral da OMS

Guilherme Bianchini

08/07/2020

 

 

Ao comentar o diagnóstico positivo do presidente Jair Bolsonaro para a covid-19, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou ontem que ninguém está seguro contra a doença. O líder da OMS desejou melhoras ao presidente brasileiro, mas reforçou o pedido de "unidade nacional e solidariedade global" para combater o vírus. "Precisamos agir de forma séria", disse.

"O vírus é muito perigoso, alastra-se rapidamente e mata. É por isso que estávamos preocupados e emitimos o alerta para o mundo desde o início da pandemia. Precisamos agir de forma séria. Todos somos vulneráveis, nenhum país está imune, nenhum indivíduo está completamente seguro. Dito isso, desejamos uma rápida recuperação para o presidente. Espero que os sintomas sejam leves e que sua excelência possa retomar suas funções logo", afirmou Ghebreyesus.

Diretor do programa de emergências da OMS, Michael Ryan também disse que todos estão vulneráveis ao coronavírus, sem exceções. "Estimamos nossas melhoras ao presidente Jair Bolsonaro. Outros países tiveram essa experiência (presidente infectado), e isso demonstra a realidade desse vírus. Ninguém é especial, todos estamos potencialmente expostos ao vírus", declarou o diretor. "Sejamos quem formos, todos temos a mesma vulnerabilidade. Para o vírus, não importa se você é um príncipe ou um plebeu."

Assim como em outras ocasiões, Ryan reconheceu que o sistema de saúde do Brasil está conseguindo lidar com a pandemia da covid-19. Destacou, porém, que a situação é desafiadora, e que os hospitais estão sob pressão. "O sistema hospitalar está sendo pressionado. Sabemos que as UTIS estão conseguindo lidar com a situação, mas ela está crítica e o País enfrenta muitos desafios", disse.

Críticas. O presidente brasileiro tem sido um dos principais críticos da OMS, que tem orientado os países a adotar o isolamento social como principal medida para a diminuição do ritmo de contágio do coronavírus. No início de junho, Bolsonaro ameaçou com a saída do Brasil da OMS. "Não precisa de gente lá fora dando palpite na saúde aqui dentro", disse na ocasião.