Correio braziliense, n. 20940, 22/09/2020. Cidades, p. 15

 

Duas perguntas para Mercaldo Milen

22/09/2020

 

 

Quais as principais orientações para a comunidade escolar quanto os momentos mais coletivos entre as crianças dentro do período letivo, como a entrada, intervalo e saída dos alunos?

Os cuidados devem ser tomados desde o trajeto até a chegada à escola,  principalmente quem usa transporte público. Reforçar a recomendação do uso de máscaras e álcool em gel 70% no transporte, assim como a atenção à ventilação e número de pessoas no veículo. Devem higienizar as mãos antes e depois do percurso, verificar se é possível manter abertas as janelas dos veículos, a fim de possibilitar maior circulação de ar. Na escola, os locais  de entrada e saída deverão estar  sinalizados  com fitas amarelas no piso, demarcadas  com distanciamento entre de 1,5 metro a 2 metros entre os alunos. O ideal, se possível, que sejam várias filas em pontos diferentes. Deve-se realizar marcação de mão única em corredores para minimizar o tráfego frente a frente, quando for possível; recomenda-se ao chegar ou sair da escola a higienização dos sapatos, a utilização das máscaras, aferição da temperatura com o parâmetro limite de maior ou igual a 37,5 ºC; oferecer álcool em gel 70%, lavar as mãos ou utilizar outro produto devidamente aprovado pela Anvisa, para higienização.

Também podemos citar a adoção de horários diferenciados para entrada, saída de refeições e atividades equalizando os espaços coletivos que possam gerar aglomeração. Recomenda-se ainda a interdição de bebedouros de acionamento manual para que não seja realizado contato direto de bocas com bebedouros.

A criança que retorna às aulas presenciais tem muita energia acumulada. Que tipo de atividades  poderão ser feitas na escola focando na saúde emocional delas, mas protegendo também a saúde?

Atividades pensando na saúde mental e protegendo a saúde física da criança e adolescentes. Neste momento, deve-se estimular a imaginação, fazer atividades em que elas possam expressar os seus medos em forma de desenhos, inspirando na criação de heróis contra o coronavírus, permitindo às crianças brincarem com a realidade de forma lúdica.

Para as crianças maiores e os adolescentes, o ideal é fazer um acolhimento em forma de roda de conversa, ao ar livre, no sentido de se poder falar dos medos e das experiências durante o distanciamento, construindo sentido a tudo o que for vivido. Eles geralmente se sentem aliviados se conseguem expressar e comunicar seus sentimentos perturbadores em um ambiente de apoio e segurança. É essencial acolher e conversar sobre a pandemia, sobre sentimentos que persistem, como tristeza e o medo da morte. Alguns podem desenvolver estresse pós-traumático e necessitarão de cuidados profissionais.