O Estado de São Paulo, n.46280, 03/07/2020. Internacional, p.A9

 

EUA têm mais de 50 mil novos casos pelo 2º dia seguido

03/07/2020

 

 

Texas bate recorde de hospitalizações e torna obrigatório uso de máscara; Flórida registra 10 mil contaminações em 24 horas

Salto. Médicos em Houston atendem paciente com covid-19; Estados têm aumento de casos

Os EUA registraram ontem mais de 54 mil novos casos de coronavírus em 24 horas, ultrapassando o recorde de 52.789 novas contaminações na quarta-feira, o maior número de infecções em 24 horas desde o início da pandemia, segundo dados obtidos do Washington Post. O vírus já matou mais de 130 mil americanos e infectou 2,74 milhões.

O número elevado de novas infecções é puxado pelos Estados do Arizona, Califórnia, Carolina do Norte, Tennessee e Texas. Ontem, apenas a Flórida reportou 10.109 novos casos de covid-19 – mais do que os 6.563 novos contágios da quarta-feira. Nas duas últimas semanas, o número de novas contaminações nos EUA cresceu quase 90%.

A Geórgia, um dos primeiros Estados a flexibilizar as restrições, também registrou ontem recorde de novos casos em 24 horas. Foram 3.472 novos contágios – na quarta-feira, haviam sido 976. No Texas, o governador republicano Greg Abbott emitiu uma ordem exigindo que todos os moradores usem máscara em público em condados com 20 ou mais casos de covid-19 – uma medida drástica em um Estado que continua registrando aumento de novos casos. A decisão representa um recuo de Abbott, que havia proibido que governos locais punissem quem não usasse máscara em público. Na quarta-feira, o Texas registrou 8.076 novas infecções por coronavírus. Ontem, o Estado repetiu o número, com 7,9 mil contaminações.

Uma onda de casos relatados de coronavírus na Califórnia, Texas e Flórida levou autoridades a emitirem novas orientações sobre o uso de máscaras. As evidências sugerem que as máscaras podem ajudar a impedir a transmissão do vírus, mesmo quando usadas por pessoas aparentemente saudáveis.

No início da pandemia, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) disse várias vezes que aqueles sem sintomas não precisavam usar máscaras. Em 3 de abril, a agência mudou a recomendação, dizendo que as máscaras deveriam ser usadas em público. Mas o presidente Donald Trump, anunciando a nova orientação, disse: "De alguma forma, não me vejo usando uma máscara" e continuou a aparecer em público sem a proteção.

Ex-candidato. Um dos ex-candidatos republicanos à Casa Branca em 2012, Herman Cain, informou ontem que foi diagnosticado com covid-19 e precisou ser internado em um hospital de Atlanta. O diagnóstico foi dado duas semanas após ele participar do comício de Trump em Tulsa, Oklahoma, no qual muitos manifestantes se reuniram sem usar máscaras.

"Comício de Trump em Tulsa – eu estava lá! A atmosfera era emocionante e inspiradora!", escreveu Cain no Twitter, após o comício, em 20 de junho. Ele também postou uma fotografia sua na manifestação cercado por colegas apoiadores de Trump, todos sem máscaras.

O porta-voz da campanha de Trump, Tim Murtaugh, disse que Cain não se encontrou com Trump em Tulsa. Segundo ele, o rastreamento de contatos foi realizado após o comício, mas ele não poderia discutir casos individuais.

Cain foi informado na segunda-feira que havia testado positivo para o coronavírus. Na quarta-feira, ele desenvolveu sintomas graves e precisou ser internado. Aos 74 anos, ele faz parte do grupo de risco. "Lamentamos anunciar que Herman Cain testou positivo para covid-19. Não há como saber onde o sr. Cain contraiu o coronavírus. Com a ajuda de Deus, estamos confiantes de que ele terá uma recuperação rápida e completa", disse um comunicado da assessoria de Cain, que era contra a obrigatoriedade do uso da máscara no evento do feriado de 4 de Julho que Trump planeja em Monte Rushmore, em Dakota do Sul.

"Máscaras não serão obrigatórias para o evento, que terá a presença do presidente Trump. As pessoas estão no limite!", postou Cain no Twitter, na quarta-feira.  / WP e REUTERS

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"Máscaras não serão obrigatórias para o evento, que terá a presença do presidente Trump. As pessoas estão no limite!"

Herman Cain

EX-CANDIDATO À CASA BRANCA