Correio braziliense, n. 20935, 17/09/2020. Saúde, p. 14

 

Testes clínicos com soro de cavalo

17/09/2020

 

 

Um ensaio clínico de um soro equino hiperimune para o combate à covid-19 está sendo realizado em pacientes de 18 centros médicos na Argentina. No Brasil, o Instituto Vital Brazil, a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estão se preparando para iniciar os testes com plasma equino em pacientes infectados pelo Sars-CoV-2.

A fase de avaliação clínica argentina conta com a participação voluntária de 242 pacientes e tem o término previsto para outubro, segundo a agência France-Presse (AFP). O país registra mais de 577 mil casos de infecção pelo coronavírus, com quase 12 mil mortes, uma taxa de mortalidade que não está entre as maiores para a região.

O teste é baseada em anticorpos policlonais equinos, obtidos pela injeção de uma proteína recombinante do Sars-CoV-2 nesses animais. A proteína é inofensiva para eles, mas faz com que gerem grande quantidade de anticorpos neutralizantes. O projeto está sendo executado pela empresa de biotecnologia Inmunova, em cooperação com a Universidade Estadual de San Martín, entre outras organizações.

Imunização passiva

Iniciado em julho por pesquisadores argentinos, até agora, 53% do estudo clínico foi concluído. O soro foi desenvolvido para a imunização passiva, o que significa que o paciente recebe anticorpos contra o agente infeccioso para bloqueá-lo e evitar que se espalhe pelo corpo. A fase 2/3 do estudo avalia a segurança e a eficácia do soro em pacientes adultos com doença moderada a grave, dentro de 10 dias do início dos sintomas e precisando de hospitalização.

Após a extração do plasma (de cavalos), processo semelhante ao usado quando é extraído de pessoas, os anticorpos são purificados e processados por meio de um processo biotecnológico. Testes de laboratório in vitro mostraram a capacidade de neutralizar o vírus, com uma potência cerca de 50 vezes maior que a média do plasma convalescente. Na semana passada, a Costa Rica começou a testar um tratamento semelhante em humanos, do qual se espera obter os primeiros resultados em algumas semanas, de acordo com as autoridades.