Correio braziliense, n. 20935, 17/09/2020. Política, p. 5

 

Líder do governo é alvo de ação contra propina

Renato Souza

Fabio Grecchi

17/09/2020

 

 

O escritório do deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR), líder do governo na Câmara, em Maringá, foi alvo, ontem, de uma operação do Ministério Público do Paraná sobre fraudes na contratação de energia eólica, e que teve por base informações da colaboração premiada da Operação Lava-Jato, que foram enviadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em novembro de 2019. De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-PR, as ilegalidades ocorreram entre o final de 2011 e 2014, e os crimes investigados são corrupção e lavagem de dinheiro.

O MP afirma que a maior parte do dinheiro, aproximadamente R$ 5 milhões, teria sido repassada ao diretório do Progressistas, no Paraná. No entanto, pelo menos R$ 1,5 milhão teria sido pago a intermediários de Barros. A Justiça também autorizou o cumprimento de buscas em Curitiba, em Paiçandu (PR) e São Paulo –– onde foram feitas busca e apreensão na casa de Delmo Sérgio Vilhena.

O MP-PR quer obter mais informações sobre a relação de Barros e da mulher, Cida Borghetti, que é ex-governadora do Paraná, com Vilhena –– em cuja casa foram encontradas notas fiscais de hotéis de Maringá em nome dele, cadernos com anotações relativos à época do episódio em apuração, além de outros documentos, computadores e celulares.

Barros, que assumiu a liderança do governo na Câmara no mês passado, estaria envolvido em um esquema sobre contratos no setor de energia quando foi secretário de Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul do Paraná, no governo de Beto Richa. Em nota, a assessoria do deputado insinuou que a operação teria alguma relação com as críticas que fez à Lava-Jato, dias atrás, quando acusou a força-tarefa de Curitiba de tirar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da corrida ao Palácio do Planalto, em 2018. “Ricardo Barros, relator da Lei de Abuso de Autoridade, repudia o ativismo político do judiciário”, conclui a nota que distribuiu ontem, justificando-se sobre a operação.