O Estado de São Paulo, n.46276, 29/06/2020. Internacional, p.A7

 

Covid-19 já matou 500 mil e infectou 10 milhões no mundo; Pequim se fecha

29/06/2020

 

 

Marcas são atingidas em meio a novo surto na China, com confinamento de 500 mil, e diante do avanço da pandemia em nações como EUA e Brasil, que registram mais de um terço dos óbitos; os dois países, ao lado de Índia e Rússia, respondem por metade dos casos

O mundo chegou ontem à marca de meio milhão de mortes decorrentes da covid-19 e 10 milhões de infectados. À medida que a pandemia avança nos EUA e no Brasil, responsáveis por mais de um terço dos óbitos, a doença perde letalidade em países europeus e asiáticos, embora haja aumento nos casos. Segundo a Universidade Johns Hopkins, referência no processamento dos dados, EUA, Brasil, Rússia e Índia respondem por cerca de metade das contaminações.

As duas marcas foram atingidas em meio a uma tendência de abertura, permeada por fechamentos pontuais em alguns países ou regiões e raros lockdowns absolutos. Com o verão na Europa e nos EUA, imagens de praias cada vez mais cheias têm sido frequentes. A liberação gradual das fronteiras europeias faz os aeroportos terem mais movimento.

Nos EUA, a aproximação da eleição de novembro coincide com a tentativa do presidente Donald Trump de dar um ar de normalidade ao país, embora cerca de 30 Estados tenham registrado aumento no número de casos. O país chegou a 125 mil mortes.

A Alemanha, uma das primeiras nações a reabrir, não hesitou em decretar uma quarentena pontual após identificar um grande surto de coronavírus em um frigorífico no oeste do país. O nordeste da Espanha viu 250 novos casos – a maior parte de trabalhadores temporários que colhem frutas – e o governo ordenou quarentena rígida na cidade de Fraga.

Reino Unido, Itália, França e Espanha, que respondem por sete em cada dez mortes na Europa, têm avançado na abertura. Pubs e restaurantes ingleses vão passar a servir pratos e bebidas em estacionamentos que viraram terraços.

Na Ásia, a Índia avança rapidamente em números de casos e ultrapassou as 16 mil mortes. O Irã chegou a 10 mil. A Rússia, apesar de ser o terceiro país em número de casos – mais de 633 mil – registrou 9.060 mortes e há indícios de subnotificação.

Índia e Brasil lutam contra surtos de mais de 10 mil casos por dia – o Brasil teve 29 mil ontem. Os dois países foram responsáveis por mais de um terço de todos os novos registros na semana passada. Segundo pesquisadores, o número de mortos na América Latina pode chegar a 388 mil até outubro – a região completou 100 mil mortes nesta semana.

Alguns países estão vivenciando ressurgimento de novos focos de infecções – como a China – e levando autoridades a restabelecer parcialmente as quarentenas. Esse movimento, segundo especialistas, pode ser um padrão recorrente nos próximos meses e até em 2021.

China. Provavelmente, o caso mais significativo de recuo na abertura seja o da China, que registrou a primeira morte pelo vírus em Wuhan, em janeiro. O país vive um novo surto, qualificado como “sério e complexo” pelo governo, e determinou o confinamento de meio milhão de pessoas.

A medida atinge o cantão de Anxin, localizado 60 quilômetros ao sul de Pequim, na Província de Hebei. O foco de contaminação foi detectado no mercado atacadista de Xinfadi, no sul da cidade, que fornece produtos frescos principalmente a supermercados e restaurantes. Cerca de um terço dos novos casos relatados até agora está relacionado à seção de carne bovina e de cordeiro do mercado, informaram autoridades.

Pequim intensificou a inspeção dos mercados de produtos frescos como carne suína, bovina, ovina e de aves congeladas. Outros negócios, incluindo supermercados e restaurantes, estão sendo mais controlados. “A situação epidêmica na capital é séria e complexa”, disse o porta-voz da cidade, Xu Hejian.

Os testes de diagnóstico são dirigidos, sobretudo, a quem frequentava o mercado, funcionários de restaurantes, entregadores e moradores de áreas residenciais consideradas de risco. Ao todo, 8,3 milhões de amostras foram coletadas, e 7,7 milhões, analisadas, relatou a prefeitura.

A capital chinesa também limitou o transporte público para deter a disseminação. Bairros da cidade foram bloqueados e pontos de segurança foram instalados em regiões residenciais. Preocupadas com os riscos de contágio, outras províncias impuseram exigências de quarentena para visitantes de Pequim. Na região alvo da ordem de isolamento, a partir de agora, apenas uma pessoa por família poderá sair, uma vez por dia, para comprar alimentos e remédios. / NYT , AFP e REUTERS

2º turno na Polônia

Adiada pela pandemia, a eleição polonesa iniciada ontem terá 2º turno. Segundo boca de urna, o líder nacionalista Andrzej Duda levou 41,8% dos votos. Seu rival, Rafal Trzaskowski, obteve 30,4%.