O Estado de São Paulo, n.46277, 30/06/2020. Metrópole, p.A16

 

Plano terá de cobrir teste de anticorpos

30/06/2020

 

 

Agência incluiu exame sorológico para quem tem ou teve sintomas em rol obrigatório

Detecção. Teste sorológico é indicado a partir do 8º dia do início dos sintomas, diz a ANS

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) incluiu testes sorológicos para confirmação da infecção pelo coronavírus entre os procedimentos obrigatórios atendidos pelos planos de saúde. A medida foi publicada ontem no Diário Oficial da União.

A nova resolução determina a cobertura obrigatória e a utilização de testes sorológicos em cumprimento a uma determinação da 6.ª Vara Federal de Pernambuco. Uma ação civil pública havia sido proposta pela Associação de Defesa dos Usuários de Seguro, Planos e Sistemas de Saúde (Aduseps).

Segundo a norma, os exames laboratoriais passam a incluir a pesquisa de anticorpos IgA, IgG ou IgM em ambulatórios e hospitais nos casos de pacientes que apresentem ou tenham apresentado quadro clínico e sintomas de síndrome gripal ou síndrome respiratória aguda grave. Esses sintomas incluem febre, tosse, dor de garanta, coriza ou dificuldade respiratória.

Os testes pelo método de sorologia são realizados por meio de amostra de sangue simples e verificam a resposta imunológica do corpo em relação ao vírus a partir da detecção de anticorpos em pessoas que foram expostas ao Sars-CoV-2.

Como a produção de anticorpos só ocorre após certo período de exposição ao vírus, esse tipo de teste é indicado a partir do oitavo dia de início dos sintomas, segundo a ANS.

Outro teste, o RT-PCR, considerado padrão ouro para detecção da covid-19, já havia entrado no rol de procedimentos obrigatórios da ANS em março. Diferentemente do sorológico, esse exame é utilizado para detecção durante a manifestação da doença e não é capaz de identificar se um paciente que já não apresenta mais sintomas teve contato com o vírus antes.

O valor do teste sorológico varia de acordo com o método de coleta – se domiciliar ou no laboratório – e pode sair entre R$ 280 e R$ 420, segundo dois laboratórios ouvidos pelo Estadão.

Em tramitação. Por meio de nota, a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) informou que operadoras de planos cumprirão a determinação da ANS, “que por sua vez foi incorporada por decisão judicial que ainda está em tramitação e, portanto, pode ser revista”.

Segundo a Abramge, “mesmo em períodos de epidemias, como o caso de zika vírus em 2016, a agência reguladora fez análises técnicas para embasar tais incorporações, ao contrário desta última inclusão”.