Correio braziliense, n. 20930, 12/09/2020. Política, p. 4
Candidata e secretário são presos
Sarah Teófilo
Renato Souza
12/09/2020
A ex-deputada e candidata à prefeitura do Rio Cristiane Brasil e o secretário estadual de Educação, Pedro Fernandes, foram os principais alvos da segunda etapa da Operação Catarata, que cumpriu, ontem, cinco mandados de prisão preventiva.
Além deles, tiveram a detenção decretada o empresário Flavio Salomão Chadud; o pai, delegado da Polícia Civil Mario Jamil Chadud; e o ex-diretor de administração financeira (DAF) da Fundação Leão XIII, João Marcos Borges Mattos.
O grupo era responsável por viabilizar fraudes em licitações e prorrogar os contratos ilegais, mediante recebimento de propina que variava de 5% a 25% do valor pago pelo contrato.
Pedro foi preso, mas permanecerá em casa porque apresentou atestado médico apontando que estaria com covid-19 –– mas pode ter de fazer novo exame para confirmar a infecção. As suspeitas são relativas ao período em que foi secretário estadual e municipal de Assistência Social.
“Devo ao banco” Já Cristiane, filha do ex-deputado federal Roberto Jefferson, cardeal do PTB, apresentou-se à tarde; de manhã, quando foram prendê-la, não estava em casa. Ela negou as acusações e disse que não tem um patrimônio expressivo para ser acusada de enriquecer às custas do poder público.
“Devo ao banco, devo empréstimos que tive que pagar a dois motoristas que não mereciam, devo ao cartão de crédito e, agora, estou devendo à faculdade da minha filha, porque investi meu dinheiro na pré-campanha para poder concorrer à prefeitura. Em menos de uma semana, Eduardo Paes, (Marcelo) Crivella e eu viramos alvos. Isso deve ter dedo da candidata Marta Rocha (pré-candidata pelo PDT), do (governador afastado Wilson) Witzel e do André Ceciliano (presidente da Assembleia Legislativa do estado do Rio)”, acusou Cristiane, em rede social.
O MP-RJ indicou que as investigações que levaram à operação de ontem tiveram início em 2019, quando a Controladoria-Geral do Estado detectou fraudes em quatro pregões eletrônicos, ocorridos entre 2015 e 2018, na Fundação Estadual Leão XIII, que foram vencidos fraudulentamente pela Serviog Rio. A licitação envolvia a execução do projeto social assistencial Novo Olhar, visando oferecer consultas oftalmológicas e distribuição de óculos para população de baixa renda. De acordo com os investigadores, o grupo teria fraudado licitações e contratos para execução dos projetos sociais assistenciais Qualimóvel, Novo Olhar e Agente Social, dentre outros. Segundo os promotores, tais projetos custaram aos cofres públicos, respectivamente R$ 20,6 milhões, R$ 29,7 milhões e R$ 66,7 milhões, totalizando mais de R$ 117 milhões.