Correio braziliense, n. 20928, 10/09/2020. Negócios, p. 9

 

Turismo: perdas de R$ 193 bilhões

Israel Medeiros 

10/09/2020

 

 

O setor de turismo foi um dos mais afetado pela pandemia do novo coronavírus, acumulando 446 mil demissões e perdas de R$ 193 bilhões até o mês de julho. Os dados são do presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), José Roberto Tadros. Em entrevista ao CB.Poder — parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília —, ele avaliou que o ramo deverá se recuperar em marcha lenta.

 Para Tadros, além da crise econômica, o setor tem, ainda, de lidar com um velho problema no Brasil: a criminalidade. “As pessoas vêm de outros países para se divertir, não para morrerem ou serem assaltadas”, disse. “Na pandemia, perdemos R$ 193 bilhões em faturamento e 446 mil empregos”, afirmou.

Segundo o presidente da CNC, o mês com maior número de demissões foi abril, quando 174 mil empregados foram mandados embora. Em segundo lugar ficou março, com 104 mil; em seguida aparecem junho, com 44 mil; e julho, com 40 mil. Na avaliação dele, ainda que uma vacina contra a covid-19 tenha sucesso a curto prazo, o processo de recuperação econômica será demorado.

 “Uma estrutura que perdeu R$ 193 bilhões não se recupera da noite para o dia. A questão da segurança também não se recupera da noite para o dia. O setor de turismo tem se pronunciado recorrentemente para que os governos estaduais e federal coíbam a marginalidade e deem segurança ao turismo. Esse é um problema de longa data. Esperamos que os turistas e os cidadãos tenham segurança de forma geral. Mas é um processo lento”, afirmou.

Tadros pontuou que o comércio tem vantagens em relação ao turismo. Isso se deve aos hábitos de consumo, que divergem da compra de pacotes de viagens, por exemplo. Para ele, a maioria dos brasileiros ainda prefere fazer compras de forma presencial.

“O comércio revigora-se rapidamente, porque, a partir do momento em que a população sentir segurança, ela volta às ruas. Todos nós temos a necessidade de espairecer, caminhar, olhar as lojas, sentir a textura da mercadoria. Com o turismo não é assim, é um processo que começa lá nas agências de turismo, passa pelas empresas, hotelarias, lanchonetes, restaurantes, etc. É um caminho longo para convencer o turista a vir”, ponderou.

 Segundo Tadros, a CNC tem economistas e advogados debruçados sobre as propostas de reforma tributária, uma vez que, o setor representa 73,8% do PIB brasileiro e mais de 80% dos empregos. “A reforma é necessária. A redução dos tributos qualitativamente e quantitativamente deve ser feita para que o empresário fique muito mais voltado a produzir do que a administrar impostos”, completou.