Correio braziliense, n. 20923, 05/09/2020. Economia, p. 8

 

Bolsonaro pede redução de preços

Fernanda Strickland

Jailson Sena

05/09/2020

 

 

Ante a disparada do preço de alimentos básicos, como arroz e feijão, o presidente Jair Bolsonaro,afirmou que tem conversado com associações de supermercados para tentar baixar os valores de produtos que compõem a cesta básica. Ele ressaltou que não pretende dar “canetada em lugar nenhum”, nem interferir na área econômica. O comentário foi feito durante viagem a Registro (SP).

“Está subindo arroz, feijão? Só para vocês saberem, já conversei com intermediários, vou conversar logo mais com a associação de supermercados”, disse o presidente. “Estou pedindo um sacrifício, patriotismo para os grandes donos de supermercado para manter na menor margem de lucro”, afirmou.

Na mesma conversa, Bolsonaro indicou que se preocupa com o risco de subida da inflação. “Não é no grito, ninguém vai dar canetada em lugar nenhum... porque veio o auxílio emergencial, o pessoal começou a gastar um pouco mais, muito papel na praça, a inflação vem”, declarou. “A melhor maneira de controlar a economia é não interferindo. Porque, se interferir, der canetada, não dá certo”, ponderou.

Embora a inflação geral continue baixa, a alta dos preços de alimentos tem chamado a atenção. De acordo com o IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,23% em agosto, após elevação de 0,30% em julho. No ano, o IPCA-15 acumula elevação de 0,90% e, em 12 meses, de 2,28%, acima dos 2,13% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. O grupo de alimentação e bebidas, porém, avançou 0,34% em agosto, após a queda de 0,13% em julho.

Os alimentos para consumo no domicílio subiram 0,61%, influenciados, principalmente, pela variação observada nos preços das carnes (3,06%), do leite longa vida (4,36%) e das frutas (2,47%). Outros produtos importantes na cesta das famílias, como o arroz (2,22%) e o pão francês (0,99%) também subiram. Já os preços do tomate (-4,20%), da cebola (-8,04%), do alho (-8,15%) e da batata-inglesa (-17,16%) seguem em queda.

A secretária executiva Mariana Fontele disse que o arroz foi o que mais aumentou nesses últimos dias. “Subiram de preço tanto as marcas que consumo quanto as de 2ª opção. Em julho, paguei entre R$ 12 e R$ 17 reais pelo pacote com cinco quilos. Neste mês, encontrei entre R$ 15 reais e R$ 23 reais as mesmas marcas” afirmou.

Cristina Barros, segurança em eventos, reclamou dos aumentos de feijão, leite, arroz e farinha. “Ontem mesmo, fui fazer as compras do mês, mas deixei de levar algumas coisas por estarem muito caras, como o feijão.  Geralmente, eu pagava entre R$ 4 e R$ 5, porém, ontem, estava na faixa de R$ 8”, explicou. Para ela, as altas são absurdas. “Acabam interferindo no orçamento da casa, já que não se trata, apenas, de um produto”, disse.