Correio braziliense, n. 20914, 27/08/2020. Política, p. 4

 

Barroso: democracia é resiliente

Sarah Teófilo 

27/08/2020

 

 

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral Luís Roberto Barroso disse, ontem, que a democracia brasileira é resiliente, pois o país tem “um presidente que defende a ditadura e a tortura e ninguém jamais considerou alguma solução diferente do respeito à igualdade constitucional”. A crítica foi feita em debate promovido pela Fundação Fernando Henrique Cardoso.

O ministro lembrou que “frente às manifestações retóricas autoritárias, tanto pelo presidente ou por pessoas próximas a ele,  levou a reações muito vigorosas e mostrou a resiliência da democracia brasileira”.

Barroso salientou que a democracia foi o regime que venceu o totalitarismo no século 20, mas três fenômenos vêm ocorrendo simultaneamente: populismo, conservadorismo radical e autoritarismo. “Quando eles se juntam, é aí que o problema começa”, ressaltou.

Uma das estratégias do populismo, segundo ele, é ignorar as instituições intermediárias, que fazem o trabalho de mediação do contato com o cidadão, como parlamentares, imprensa e entidades da sociedade civil. Outra tática, conforme Barroso, é o uso de redes sociais para estabelecer uma comunicação direta com as pessoas. A terceira, para o ministro, é o ataque às instituições que fazem o trabalho de controle, ao vigiar os Poderes e fazer o controle do exercício do poder, como o STF.

Barroso elogiou a imprensa, dizendo que “embora atacada pelo presidente, é plural e independente”. “E crítica ao governo, deste e de todos os anteriores”, afirmou.