Correio braziliense, n. 20913, 26/08/2020. Negócios, p. 8

 

Setor de bares debate o futuro

Thais Umbelino 

26/08/2020

 

 

O fechamento de bares e restaurantes no Brasil devido à pandemia causada pelo novo coronavírus trouxe impactos diretos na economia do setor, e agora, com a retomada das atividades, empresários buscam saídas para recuperar o caixa — e para se reinventar no novo cenário. Com o tema O Futuro da Alimentação Fora do Lar, o 32º Congresso Nacional da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) começa hoje, de forma gratuita e totalmente online, a debater soluções para o setor. A abertura oficial, ontem à noite, contou com a participação do presidente Jair .

Durante três dias o evento vai reunir, virtualmente, os principais líderes empresariais do setor de alimentação e da gastronomia para discutir desafios e apresentar propostas para ganho de produtividade. Até agora foram cerca de 50 mil inscritos. “Esse congresso é um dos principais eventos do setor, e é importante, principalmente, nesse período de retomada, para trazer informações para o empresário”, declarou Beto Pinheiro, presidente da Abrasel-DF. As inscrições para o evento podem ser feitas até 28 de agosto, pelo site congressoabrasel.com.br

 Segundo Pinheiro, a perspectiva das atividades é de retorno gradativo na capital federal. “A gente acredita que, mês a mês, o movimento vá aumentar. Em agosto, a venda, comparada com agosto do ano passado, está em torno de 50% a 60%. O cenário é bem melhor, porque a reabertura dos estabelecimentos incrementa as vendas, antes voltada apenas para o delivery”, afirmou.

O retorno das atividades trouxe ânimo para a chef Catarina Freire, 25 anos, do restaurante Nakombi, casa de rodízio de comida japonesa, “Estamos com uma procura acima da esperada, ainda que com a metade da capacidade e com aplicação das medidas de segurança”, observou. “E a gente enxerga um movimento maior nos meses que virão”, disse Catarina.

Evento virtual

Os debates no Congresso da Abrasel terão como norte três eixos de conteúdo: desafios e soluções para o futuro, com temas de incentivo e debates para enfrentamento da crise; Brasil novo, com pautas que retratam a inovação no setor alimentício e transformações na gastronomia; além do tema gestão e consumidor, com abordagem sobre empreendedorismo, modelos empresariais, digitalização de negócios e relacionamento com o consumidor.

A feira com estandes de produtos e serviços de fornecedores será totalmente virtual. Os expositores farão transmissões diretamente dos estandes virtuais para apresentação de produtos, novidades do mercado, soluções de negócios e possibilidades de parcerias. Em paralelo, será realizado o Mesa ao Vivo Brasília, na nona edição, com aulas-show de chefs da gastronomia brasileira.

 “Pensamos nos desafios que empresários e trabalhadores do setor estão enfrentando — e quais virão pela frente. Esse foi o ponto de partida para pensar a grade de palestras”, salientou o presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci.

Alguns dos participantes do congresso

» Jean Jereissati, CEO da Ambev

» Gilberto Tomazoni, presidente da JBS

» Henrique Braun, presidente da Coca-Cola

» Olivier Anquier, chef do L’Entrecôte d’Olivier, apresentador e empreendedor

» Paulo Camargo, presidente do McDonald's Brasil

» Diego Barreto, CFO e VP de Estratégia do iFood

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Mais de 135 mil lojas fechadas 

Vera Batista 

Jailson Sena 

26/08/2020

 

 

O varejo perdeu 135,2 mil estabelecimentos, mais de 10% do total, no segundo trimestre, devido à crise provocada pelo coronavírus. A quantidade é superior à de todo o ano de 2016, quando 105,3 mil lojas encerraram as atividades. O setor também fechou cerca de 500 mil vagas formais e teve queda de 12% no faturamento em relação ao primeiro trimestre de 2020, de acordo com estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC). “Dificilmente o varejo escapa de um número negativo esse ano. Talvez consiga retomar o nível pré-pandemia somente no início de 2022”, destaca Fábio Bentes, economista-chefe da CNC.

Colaborou também para esse movimento atípico a mudança de hábito dos consumidores, que passaram a usar mais o comércio eletrônico. O e-commerce, ao contrário das lojas físicas, cresceu 43% no volume de vendas e 117% no número de transações, no confronto com o mesmo período do ano passado. Por isso, nem todos os estabelecimentos fechados deverão ressurgir daqui para frente, nem todas as vagas serão recuperadas, mesmo que economia reaja até dezembro. Nas projeções da CNC, “apesar da reação já iniciada pelo setor, a tendência de migração gradual para o e-commerce deverá levar o varejo a fechar 2020 com 1,252 milhão de estabelecimentos, ou 88,7 mil lojas a menos na comparação com 2019”. Com menos lojas, o emprego fica prejudicado.

“Tivemos que afastar funcionários de risco, que até hoje permanecem em casa, e dispensar sete que estavam em experiência. Hoje (ontem), consegui contratar uma parte deles”, relatou Ronney Viana Portela, dono da empresa Shopping da Casa. Com ajuda das redes sociais, ele adotou nova estratégia de venda. “O meu delivery veio com a pandemia e irá ficar. Tínhamos uma pessoa para cuidar das redes sociais, e hoje temos oito exclusivamente para isso. Fechamos a venda pelas redes e agora tudo funciona pelo site”, contou.