O Estado de São Paulo, n.46265, 18/06/2020. Política, p.A7

 

Vídeo com Bolsonaro deve selar saída de Weintraub

Jussara Soares

18/06/2020

 

 

O presidente Jair Bolsonaro deve gravar um vídeo ao lado de Abraham Weintraub para oficializar sua demissão do Ministério da Educação. Ontem à noite, a expectativa no Palácio do Planalto era de que a gravação fosse publicada nas redes sociais hoje. Uma estratégia semelhante foi usada pelo presidente, em 20 de maio, para demitir a atriz Regina Duarte do cargo de secretária especial de Cultura.

O secretário nacional de Alfabetização, Carlos Nadalim, é o nome mais cotado para assumir o Ministério da Educação. A exemplo de Weintraub, Nadalim é seguidor do guru bolsonarista Olavo de Carvalho e defensor do homeschooling – a educação domiciliar, sem necessidade de comparecer à escola. Sua nomeação, portanto, agradaria à base ideológica do governo.

Na tentativa de construir uma saída “sem trauma”, Weintraub deve deixar o posto a pedido. A expectativa de interlocutores do ministro é de que Bolsonaro deixe registrado no vídeo a importância do auxiliar para o governo e atribua o seu desgaste ao empenho com que ele se dedicou para fortalecer o próprio presidente. A medida é encarada como um afago necessário à base bolsonarista.

A previsão é de que Weintraub assuma um posto no Banco Mundial. A demissão do ministro é vista como um aceno para pacificação com o STF e com o Congresso, que pressionam por sua saída. A demissão também tem o apoio de integrantes do Executivo.

A situação de Weintraub piorou após ele se reunir, no domingo, com manifestantes bolsonaristas. O grupo desrespeitou uma ordem do governo do Distrito Federal, que proibiu protestos na Esplanada.

Interino. Uma das possibilidades discutidas no Planalto é que Nadalim assuma de forma interina. Assim, o presidente repetiria o que fez no Ministério da Saúde, quando nomeou o general Eduardo Pazuello, até então secretário executivo, após a demissão de dois ministros. Nadalim é apontado com um dos articuladores da demissão de Ricardo Vélez Rodríguez, antecessor de Weintraub. Na época, militares e olavistas disputavam cargos na pasta.