O globo, n. 31761, 22/07/2020. Sociedade, p. 21

 

Anvisa libera testes de mais duas vacinas no Brasil

22/07/2020

 

 

Fórmulas são desenvolvidas pela Pfizer e Biontech: uma delas foi capaz de induzir respostas imunes em ensaios preliminares

 A A­gên­cia Na­ci­o­nal de Vi­gi­lân­cia Sa­ni­tá­ria (An­vi­sa) au­to­ri­zou on­tem a con­du­ção de en­sai­os clí­ni­cos de mais du­as va­ci­nas con­tra a Covid-19 no Brasil. As fór­mu­las con­tem­pla­das são de­sen­vol­vi­das pe­la far­ma­cêu­ti­ca ame­ri­ca­na Pfi­zer e pe­la em­pre­sa de bi­o­tec­no­lo­gia ale­mã Bi­on­te­ch. Uma de­las, a BNT162b1, se mos­trou se­gu­ra e in­du­ziu res­pos­tas imu­nes em vo­lun­tá­ri­os tes­ta­dos na Ale­ma­nha, se­gun­do um ar­ti­go pu­bli­ca­do na úl­ti­ma se­gun­da-feira.

O Brasil te­rá, por­tan­to, quatro va­ci­nas can­di­da­tas sen­do tes­ta­das em so­lo na­ci­o­nal. A pri­mei­ra a ser au­to­ri­za­da é de­sen­vol­vi­da pe­la far­ma­cêu­ti­ca As­tra­Ze­ne­ca em par­ce­ria com a Uni­ver­si­da­de de Ox­ford (Rei­no Uni­do). A fór­mu­la es­tá sen­do tes­ta­da no Brasil em par­ce­ria com a Uni­ver­si­da­de Fe­de­ral de São Pau­lo (Uni­fesp) e o Ins­ti­tu­to D’Or, no Rio. A se­gun­da, do la­bo­ra­tó­rio chi­nês Si­no­vac Bi­o­te­ch, é tes­ta­da em par­ce­ria com o Ins­ti­tu­to Bu­tan­tan, li­ga­do ao governo de São Pau­lo.

O ar­ti­go que de­ta­lhou a pri­mei­ra fa­se do en­saio clí­ni­co da Pfi­zer e da Bi­on­te­ch foi sub­me­ti­do ao si­te ci­en­tí­fi­co medR­xiv sem re­vi­são de pa­res (ou se­ja, sem a aná­li­se de es­pe­ci­a­lis­tas in­de­pen­den­tes), mas re­for­çou as ex­pec­ta­ti­vas por um imu­ni­zan­te efi­caz con­tra o ví­rus Sars-CoV-2 de­pois que As­tra­Ze­ne­ca e Ox­ford anun­ci­a­ram que sua va­ci­na can­di­da­ta, ti­da co­mo a mais avan­ça­da do mundo pe­la Or­ga­ni­za­ção Mundial da Saú­de (OMS), tam­bém ob­te­ve re­sul­ta­dos pro­mis­so­res na pri­mei­ra eta­pa de testes clí­ni­cos hu­ma­nos, no Rei­no Uni­do.

As va­ci­nas da Pfi­zer e Bi­on­te­ch apos­tam na ino­cu­la­ção de áci­do ri­bo­nu­clei­co (RNA). No lu­gar de usar uma pro­teí­na do co­ro­na­ví­rus, es­se ti­po de imu­ni­zan­te é for­ma­do pe­lo RNA (ma­te­ri­al ge­né­ti­co do ví­rus) a par­tir do qual são pro­du­zi­dos os an­tí­ge­nos. As companhias in­for­ma­ram à An­vi­sa que os en­sai­os clí­ni­cos de­vem con­tar com 29 mil vo­lun­tá­ri­os, dos quais mil no Brasil. Os testes se con­cen­tra­rão em São Pau­lo e na Bahia.