O globo, n. 31756, 17/07/2020. País, p. 5
Bolsonaro garante que Pazuello e Salles “ficam”
Gustavo Maia
17/07/2020
Titulares da Saúde e do Meio Ambiente, áreas que vêm concentrando críticas mais duras ao governo. ganham aval do presidente; Luiz Eduardo Ramos passa para a reserva do Exército, e primeiro escalão agora só tem um militar da ativa
O presidente Jair Bolsonaro garantiu ontem, em transmissão ao vivo pelo Facebook, a permanência do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e do ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, em seu governo.
A saída de Salles vem sendo cogitada desde que o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril mostrou o ministro defendendo“passara boiada” na questão ambiental pelo fato de as atenções estarem voltadas à pandemia do novo coronavírus. A suspensão da injeção de recursos no país por parte de investidores estrangeiros por causa do crescente desmatamento da Amazônia agravou sua situação.
No caso de Pazzuello, que tem dito a aliados que já está de saída do ministério, ele ocupa o cargo de forma interina há dois meses. O plano era que eleficas se à frente da pasta durante acrise do coronavírus, mas depois voltasse ao Exército. Agora, aliados de Bolsonaro pedem pressa. Colegas alegam que não querem a imagem do Exército vinculada à gestão da crise na Saúde.
— Salles fica. Pazuello fica. Sem problema nenhum—declarou Bolsonaro.
O sapelos pela saída de aumenta ramno último fim de semana. No sábado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes disse que o Exército se associou a um “genocídio”, em alusão à condução do governo da pandemia.
O anúncio de que o general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo, passou para a reserva remunerada do Exército aumentou a pressão pela saída de Pazuello. A oficialização da aposentadoria de Ramos deixou o interino da Saúde como o único militar da ativa e ocupar um cargo no primeiro escalão do governo.
A decisão de Ramos atende a uma pressão que ele vinha sofrendo de colegas das Forças Armadas.
‘ARTICULAÇÃO POLÍTICA’
Ao passar para a reserva, Ramos abre mão da possibilidade de assumir o Comando do Exército, hoje ocupado pelo general Edson Pujol. Ao ingressar no governo, o general saiu do Comando Militar do Sudeste. Ele planejava seguir no cargo de ministro até julho deste ano, e depois assumir do Comando Militar do Leste, no Rio de Janeiro, para encerrar a carreira militar. Contudo, era incerto se os colegas militares iriam respeitá-lo após sair do governo.
Em conversas com Bolsonaro no último mês, Ramos expressou que queria se dedicar mais à articulação política com partidos. À frente da Secretaria de Governo, Ramos persuadiu o presidente a negociar cargos com os líderes partidários do centrão para melhorar sua interlocução com o Congresso.