Correio braziliense, n. 20900, 13/08/2020. Ciência & Saúde, p. 15

 

Rússia: críticas não têm "fundamento"

13/08/2020

 

 

A Rússia reagiu às críticas feitas pela comunidade científica após ter anunciado, na terça-feira, o registro da primeira vacina contra a covid-19 para uso amplo. “Parece que nossos colegas estrangeiros estão vendo as vantagens competitivas específicas do medicamento russo e estão tentando expressar opiniões que, em nossa visão, são completamente sem fundamento”, declarou ministro da Saúde russo, Mikhail Murashko.

Segundo ele, a vacina, chamada Sputinik V, estará pronta em pouco tempo. “Os primeiros pacotes (…) serão recebidos dentro das próximas duas semanas, primeiramente para médicos”, informou. A expectativa é de que a população em geral passe a ser imunizada a partir de 1º de janeiro de 2021. Conforme o ministro, o país tem capacidade para produzir 5 milhões de doses por mês, entre dezembro e janeiro.

Em relação à não divulgação dos dados referentes às fases da pesquisa, Mikhail Murashko declarou que os ensaios clínicos serão publicados assim que forem analisados por especialistas da própria Rússia. A postura parece não agradar à Organização Mundial da Saúde (OMS), que, ontem, declarou que aguarda com “impaciência” as informações técnicas. “A OMS está em contato com cientistas e autoridades russas e aguarda com impaciência para analisar os detalhes dos testes clínicos”, indicou.

A agência das Nações Unidas pediu ainda “um acesso rápido, justo e equitativo no mundo inteiro”. “Acelerar a pesquisa da vacina deveria ocorrer seguindo os procedimentos estabelecidos em cada etapa para garantir que todas as vacinas que serão produzidas sejam eficazes e seguras”, enfatizou.

Há 26 vacinas listadas pela OMS como candidatas ao combate à covid-19. Dessas, cinco se encontram na fase 3 dos ensaios clínicos, e nenhuma delas é a vacina russa. A Sputinik V começou a ser testada quanto à segurança, critério testado nas fases 1 e 2 dos testes, há apenas dois meses.