Correio braziliense, n. 20895, 08/08/2020. Brasil, p. 5

 

Vice defende garimpo em reserva

08/08/2020

 

 

O vice-presidente Hamilton Mourão defendeu, ontem, a aprovação da proposta legislativa que libera a atuação de garimpeiros em áreas demarcadas como reservas indígenas. A manifestação foi depois de afirmar que a paralisação de uma operação contra garimpo ilegal nas terras da etnia Munduruku, no Pará, ocorreu por causa de um protesto dos próprios indígenas, que, segundo ele, são os responsáveis pela extração de ouro na região. Mas a operação foi retomada ontem, segundo o Ministério da Defesa.

“Os garimpeiros são os indígenas que moram lá. Inclusive, é muito bom para desmontar a teoria daquela turma que acha que o índio tem que viver segregado na mata e não ter meio de subsistência. Ele (índio) vai buscar o meio de subsistência dele”, disse Mourão a jornalistas.

Mourão usou o caso para defender a aprovação da proposta que libera o garimpo em terras indígenas no Congresso. “A Constituição diz, artigo 231, que a exploração mineral em terra indígena poderá ser realizada desde que o Congresso legisle a respeito. Estamos há 32 anos esperando que isso ocorra. Todos os governos mandaram projeto sobre isso (ao Congresso). Se não definir isso aí, você fica tapando o Sol com a peneira, porque eles (indígenas) sabem que tem ouro lá”, afirmou o vice.

Conquistas

Mais cedo, durante videoconferência, Mourão afirmou que “os nossos índio, hoje, vivem em terras ricas e como mendigos”. “Não têm acesso às conquistas materiais da humanidade, porque são preservados como animais em zoológicos. E a imensa maioria dos povos indígenas, dos diferentes grupos indígenas, quer ter acesso, quer trabalhar, quer produzir. O índio não quer continuar a viver na oca, nu, caçando de arco e flecha, pescando na beira do rio, quando ele sabe que ele pode, naquela terra que ele tem, trabalhar dentro dos ditames do nosso código florestal”, explicou.

Para Mourão, o “indígena tem que ter o direito de explorar a riqueza que tem na terra dele dentro dos ditames da nossa legislação”. “A partir daí, ele terá acesso às benfeitorias, ao progresso material da humanidade. Ou seja, ele vai ter uma escola decente na sua terra indígena, para ensinar sua cultura, vamos colocar assim, vai ter apoio de saúde, vai ter comunicação, celular, acesso à televisão a cabo. Ou seja, todas as benesses do mundo moderno. E não vivendo como se estivessem ainda segregados”, afirmou.