Correio braziliense, n. 20893, 06/08/2020. Política, p. 8

 

Flávio admite: Queiroz pagava suas contas

06/08/2020

 

 

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) admitiu que seu ex-assessor Fabrício Queiroz pagava suas contas pessoais. Os dois são investigados por um suposto esquema de rachadinha montado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Em entrevista ao jornal O Globo, publicada ontem, Flávio afirmou que os recursos usados por Queiroz para pagar as dívidas que pertenciam a ele tiveram origem lícita, mas assumiu que pedia para o então funcionário pagar despesas pessoais, exatamente como aponta o Ministério Público.

“Pode ser que, porventura, eu tenha mandado, sim, o Queiroz pagar uma conta minha. Eu pego dinheiro meu, dou para ele, ele vai ao banco e paga para mim. Querer vincular isso a alguma espécie de esquema que eu tenha com o Queiroz é como criminalizar qualquer secretário que vá pagar a conta de um patrão no banco. Não posso mandar ninguém pagar uma conta para mim no banco?”, questionou.

As investigações começaram após as autoridades identificarem transações suspeitas de R$ 1,2 milhão nas conta de Queiroz, valor incompatível com o rendimento dele no serviço público. Na entrevista, o parlamentar afirmou que o ex-assessor administrava o dinheiro da esposa e demais parentes, por isso tinha movimentações elevadas. Ele admitiu que Queiroz recebia dinheiro de outros funcionários do gabinete, para realizar subcontratações, mas alegou que não sabia desse esquema, pois teria se manifestado contra.

Flávio criticou a conduta do ex-juiz Sergio Moro na Lava-Jato e alegou que ele pode ter cometido irregularidades. O senador também defendeu o procurador-geral da República, Augusto Aras, que vem acusando a força-tarefa de ter realizado ações à margem da legalidade. “Qualquer investigação tem de acontecer dentro da lei, e os excessos precisam ser investigados (…). Aras tem feito um trabalho de fazer com que a lei valha para todos”, frisou. “Embora ache que a Lava-Jato não seja esse corpo homogêneo, considero que algumas pessoas ali têm interesse político ou financeiro (…). Com a saída de Moro, a produção do Ministério da Justiça subiu demais”, alfinetou. (RS)