Título: Entre Alckmin e Haddad
Autor: Mader, Helena
Fonte: Correio Braziliense, 25/01/2013, Política, p. 3

No aniversário de São Paulo, Dilma cumprirá agenda ao lado do governador tucano e do prefeito petista

Depois de fazer críticas veladas à oposição por conta da polêmica sobre a redução das contas de energia elétrica, a presidente Dilma Rousseff participa, hoje à tarde, de dois eventos ao lado do governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, e do prefeito petista Fernando Haddad. Na capital paulista — onde é feriado nesta sexta devido ao aniversário de 459 anos da cidade —, a presidente vai ao Palácio dos Bandeirantes para o lançamento de um centro de treinamento paralímpico e, depois, participa da cerimônia de entrega de 300 casas populares na Zona Leste da cidade. Com os ânimos acirrados entre petistas e a oposição, o desafio dos dois lados é apaziguar temporariamente os correligionários para evitar faíscas no encontro público. Nos bastidores, integrantes do PT querem aproveitar a visita de Dilma para ampliar o espaço do partido em São Paulo, mirando as eleições de 2014. Já os aliados de Alckmin pretendem minar a exposição da presidente com duras críticas. Eles já centram a munição contra o pronunciamento de Dilma divulgado em rede de televisão na última quarta-feira.

Essa será a primeira agenda presidencial em São Paulo ao lado do prefeito Fernando Haddad (PT). O cronograma divulgado pelo Planalto começa às 14h30, no Palácio dos Bandeirantes. Lá, Dilma e Alckmin vão anunciar a construção do Centro Integrado de Avaliação da Condição Funcional do Atleta Paralímpico. Com previsão de inauguração para 2015, o centro apoiará atletas paralímpicos de alto rendimento. O empreendimento será erguido na Zona Sul e servirá tanto para treinamento quanto para competições. Às 16h, Dilma segue para a Cidade Líder, na Subprefeitura de Itaquera, onde entregará 300 casas populares. O Planalto não confirma uma reunião de Dilma com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, embora haja especulações sobre o encontro. As reuniões de Dilma com Lula nem sempre constam na agenda pública do Palácio do Planalto, com o argumento de que são eventos de interesse privado.

Simbologia O deputado estadual e presidente do PT-SP, Edinho Silva, diz que Dilma já participou de dezenas de eventos oficiais ao lado de Alckmin e assegura que a presidente não faz distinção de partido ao repassar recursos. Mas ele reconhece que essa será uma agenda diferenciada. “A visita da Dilma é sempre um fato político de muita relevância e ela já esteve ao lado do Alckmin e do Kassab diversas outras vezes. Mas é claro que esta é uma ocasião única porque será a primeira visita da gestão Haddad e, para nós do PT, tem uma simbologia especial. Especialmente porque a atividade dela está ligada a um programa que representa os governos Lula e Dilma, que é o projeto de moradia popular”, justifica.

O presidente do PSDB em São Paulo, deputado estadual Pedro Tobias, acredita que não haverá saia justa entre Dilma e Alckmin por conta da polêmica sobre a redução das contas de luz. “É obrigação de ambos fazer um trabalho conjunto, é um aspecto institucional. Quase metade de tudo o que o Brasil arrecada sai de São Paulo, então a presidente tem mais é que vir para cá e trazer ainda mais investimentos para o estado”, diz Tobias.

Colaborou Juliana Braga