Correio braziliense, n. 20892, 05/08/2020. Economia, p. 8

 

Servidor pode ter reajuste em 2022

Israel Medeiros 

05/08/2020

 

 

O governo poderá conceder reajustes aos servidores públicos em 2022. É o que afirmou o secretário de Gestão e Desenvolvimento de Pessoal do Ministério da Economia, Wagner Lenhart. Em entrevista ao CB.Poder — uma parceria do Correio e da TV Brasília —, ele disse, no entanto, que a questão fiscal poderá ser um problema, uma vez que o governo foi obrigado a aumentar além da conta os gastos públicos por causa da pandemia do novo coronavírus.

Se o reajuste for considerado viável, o presidente Jair Bolsonaro, que já pensa em reeleição, poderá conceder aumento ao funcionalismo em ano de eleições gerais. Em 2022, além do presidente da República, serão eleitos governadores, deputados federais, estaduais, distritais e senadores.

Lenhart lembrou que, de acordo com a Lei Complementar nº 173, de maio deste ano, União, estados e municípios estão proibidos de realizar concursos e de conceder reajustes salariais até 31 de dezembro de 2021.

O secretário afirmou que “o governo está disposto a conversar com as entidades representativas dos servidores federais e analisar as demandas”. Mas as negociações, segundo ele, “deverão respeitar o teto de gastos” para evitar uma explosão da dívida pública, que chegou a 85,5% do Produto Interno Bruto (PIB), nível considerado preocupante pelos economistas.

A maior demanda por reajustes está no chamado carreirão, que reúne quase 80% do funcionalismo federal. A última vez que esse grupo teve aumento de salários foi em 2017. As carreiras de elite tiveram os rendimentos corrigidos até 2019.

Lenhart revelou também que a secretaria deverá lançar nesta quarta-feira uma pesquisa para apurar a forma como servidores públicos enxergam seu ambiente de trabalho. A expectativa é de que todos os 600 mil servidores públicos federais respondam aos questionamentos. E destacou que esse tipo de levantamento é uma prática já consolidada na iniciativa privada e em órgãos públicos de outros países, como os Estados Unidos.

“Os EUA utilizam muito essas pesquisas no serviço público. E a gente está trazendo isso para a administração pública federal, em parceria com a Great Place to Work, que é uma grande organização que trabalha com esse tipo de levantamento. “O mais importante não é a pesquisa em si, mas o resultado, que pode nos ajudar a melhorar o ambiente de trabalho, tornando-o mais convidativo”, destacou.

Ele lembrou ainda que, na semana passada, a secretaria lançou instrução normativa que regulamenta o teletrabalho no serviço púbico federal. As novas regras passam a valer em 1º de setembro. A pandemia, segundo ele, foi vista como uma oportunidade de avançar na área.

Segundo o secretário, a instrução promove desburocratização e permite aos ministérios autonomia para implementar o teletrabalho. Outra questão importante é a produtividade, que parece ter aumentado com o novo regime. “É importante destacar que os servidores públicos federais se deram muito bem nessa situação que foi um desafio para gestores e servidores”, disse.

Lenhart afirmou que a secretaria promoveu uma parceria entre a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e a Universidade de Duke, nos EUA para avaliar como os servidores se sentiram em relação ao teletrabalho. “Cerca de 30 mil servidores responderam à pesquisa. Dois terços disseram que gostariam de manter o teletrabalho após a pandemia. Percebemos que tinha essa demanda, uma percepção de que seria algo positivo”, completou.

*Estagiário sob a supervisão de Odail Figueiredo

 Frase

“O governo está disposto a conversar com as entidades e a analisar as demandas. Mas as negociações deverão respeitar o teto de gastos”

Wagner Lenhart, secretário de Gestão de Pessoal do Minsitério da Economia