Correio braziliense, n. 20870 , 14/07/2020. Política, p.2

 

"Brasileiro médio não tem medo da pandemia"

14/07/2020

 

 

O vice-presidente Hamilton Mourão disse, ontem, que o “brasileiro médio” não tem medo e não está assustado com a pandemia do novo coronavírus. “O brasileiro médio está acostumado com uma vida difícil, está acostumado a andar apertado dentro de trens e ônibus para ir trabalhar, está acostumado a ver mortes no trânsito, problema de criminalidade, assaltos etc. Então, talvez, ele não tenha se sensibilizado tanto, ou se apavorado tanto com essa questão da pandemia”, afirmou.

Mourão explicou: “Estou falando do brasileiro médio, aquele que sai com a marmita embaixo do braço todo dia para ir trabalhar. Esse aí, não tem medo, não está assustado. Ele enfrenta de tudo no seu dia a dia. Então, ele não está assustado”. As declarações foram feitas em transmissão ao vivo da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em conversa com o presidente José Carlos Martins.

Em seguida, Mourão citou o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que, em entrevista à Folha de S. Paulo, publicada ontem, disse que “o brasileiro médio já se acostumou com quatro ou cinco aviões caindo todos os dias”, se referindo ao número de vítimas da covid-19. Mandetta destacou que, às vezes, acha que “os brasileiros jogaram a toalha”, citando o fato de muitos estarem saindo para bares sem máscara.

A declaração de Mourão vai na linha do que disse o presidente Jair Bolsonaro, em março, ao usar a falta de saneamento básico no Brasil para ironizar a pandemia. “O brasileiro tem de ser estudado. Ele não pega nada. Cara pulando em esgoto ali. Sai, mergulha e não acontece nada com ele”, afirmou, na ocasião.