Valor econômico, v.21, n.5020, 12/06/2020, p. A3

 

Butantan se une a chinesa para vacina contra covid-19

Ana Paula Machado 

12/06/2020

 

 

O governo de São Paulo, por meio do Instituto Butantan, assinou acordo de cooperação com a farmacêutica chinesa Sinopac Biotec para o início dos testes na fase 3 da vacina contra o novo coronavírus. O governador de São Paulo, João Doria, disse que os estudos clínicos começarão em julho e participarão 9 mil voluntários em todo o país.

 

“Mais de 100 vacinas estão em desenvolvimento no mundo, mas apenas dez estão em fase final. Essa vacina da Sinopac é das mais avançadas e se os estudos indicarem a eficácia, a produção começa no primeiro semestre de 2021.”

Segundo ele, pelo acordo, haverá transferência de tecnologia para o Butantan, e o instituto será o responsável pela produção da vacina. “Essa vacina será distribuída ao SUS (Sistema único de Saúde) e terá a possibilidade de imunizar milhares de brasileiros. Ela já foi testada em mais de mil pessoas na China nas fases 1 e 2 e agora o Brasil entra na fase 3."

Para esses ensaios clínicos, o instituto irá investir R$ 85 milhões e, segundo o diretor do Butantan, Dimas Covas, esses recursos fazem parte do orçamento da entidade. Serão ao todo 16 centros de pesquisas que devem participar dos estudos. “Não é certeza de que a vacina vai funcionar. Até então se mostrou efetiva, agora é o teste pra valer, vamos saber a real proteção e se é efetiva."

Segundo ele, o Butantan, desde o início da pandemia vem conversando com farmacêuticas para uma parceria. A escolha pela Sinopac foi em razão da tecnologia usada no desenvolvimento da vacina. “A tecnologia utilizada é a de célula zero, a mesma que usamos para a vacina da dengue que desenvolvemos. Dominamos essa tecnologia, e isso facilitou o acordo."

O executivo ressaltou que o Butantan está conversando com outras empresas para o desenvolvimento de outras vacinas para a covid-19, inclusive com a AstraZeneca. Segundo ele, o instituto está ainda com um projeto para o desenvolvimento de um vacina a partir do ovo, como é feita a vacina da gripe.

Covas afirmou, ainda que a partir da assinatura do acordo as empresas devem discutir os detalhes da operação. “Comprovando-se a eficácia da vacina vamos partir para as definições da produção. Temos duas fábricas que podem ser adaptadas para fabricar esse produto. O volume a ser produzido ainda não foi estabelecido porque depende do grau de imunizados que o Brasil tiver quando a vacina for aprovada."

Segundo Covas, o contrato, no entanto, estabelece um volume adequado para campanhas de vacinação no país. “Dando tudo certo, no primeiro momento a vacina será importada da China e depois será produzida pelo Butantan. Essa onda epidêmica não terá vacina. Essa será necessária para a próxima onda e participarão da campanha aquelas pessoas que não se infectaram."