Correio braziliense, n. 20864 , 07/07/2020. Brasil, p.5

 

Vacina em fase de teste

Bruna Lima

07/07/2020

 

 

CORONAVÍRUS » Após receber autorização da Anvisa, imunizante da empresa chinesa Sinovac tem fase de testes anunciada para este mês com voluntários de São Paulo. O Distrito Federal está na rota de testagem. Se vacina for efetiva, o país receberá 60 milhões de doses até o fim do ano

O Brasil confirmou mais uma parceria para introduzir uma das mais promissoras vacinas contra a covid-19 estudadas no mundo. Após receber autorização da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), o imunizante chinês que tem como parceiro o Instituto Butantan começa a ser testado ainda este mês no Brasil. Ao todo, 9 mil voluntários profissionais da saúde de seis unidades federativas do país começarão a ser imunizados a partir de 20 de julho. A vacina é chamada de CoronaVac e já foi administrada com sucesso em cerca de mil pessoas na China nas fases clínicas um e dois. Anteriormente, foi testada em macacos. Agora, o Butantan iniciará o ensaio clínico para verificar eficácia, segurança e o potencial do medicamento para produção de respostas imunes ao coronavírus.

O anúncio foi feito pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), durante coletiva, ontem, no Palácio dos Bandeirantes. “Essa é uma etapa de fundamental importância no país e na vida de milhões de brasileiros. Toda pesquisa clínica será coordenada pelo Instituto Butantan, um dos maiores centros de pesquisa do mundo e o maior produtor de vacinas da América Latina”, comemorou o político.

Os testes ocorrerão em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. Na rota de testagem do DF, o estudo será coordenado pelo infectologista Gustavo Romero, que coordena o estudo pelo Núcleo de Medicina Tropical da Universidade de Brasília (UnB). “Se trata de um produto vacinal, que se aplica em duas doses, com intervalo de 14 dias. Ela produziu resultados promissores na fase 2, que se chama de desenvolvimento. No caso, essa vacina tem o efeito de produzir anticorpos capazes de neutralizar o vírus”, disse ao Correio.

A convocação dos participantes está programada para começar em 13 de julho. Médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde que atuam ou atuaram na linha de frente da covid podem se candidatar, desde que ainda não tenham contraído o vírus. Outra restrição é que o voluntário não deve participar de outros estudos e, sendo mulher, não pode estar grávida ou planejando uma gestação nos próximos três meses. Além disso, há impossibilidade de participarem candidatos com doenças instáveis ou que precisem de medicações que alterem a resposta imune.

Placebo

O estudo será randomizado, ou seja, enquanto metade do grupo recebe a dose da vacina, à outra metade é dada uma injeção com efeito placebo, a fim de conseguir mapear qual é, de fato, a eficácia da vacina. A CoronaVac foi desenvolvida a partir de cepas inativas do coronavírus.

O Instituto Butantan ficará responsável por administrar o recrutamento e lançará, ainda esta semana, um aplicativo de smartphone para inscrição com preenchimento dos critérios. “A aprovação do ensaio clínico de fase 3 é uma demonstração de que a parceria Butantan e Sinovac é uma colaboração eficiente para avançar, oferecendo esperança para salvar vidas em todo o mundo”, comentou o diretor do Instituto, Dimas Tadeu Covas. Se a vacina for efetiva, o país receberá da Sinovac, até o fim do ano, 60 milhões de doses para distribuição.

Esta é a segunda vacina a receber autorização para testes no país. Em junho, a Anvisa liberou a realização de ensaios clínicos de uma produzida na Universidade de Oxford, na Inglaterra.

Para o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, “é o objetivo número um do SUS e do ministério que a gente tenha acesso e entrada direta junto à estrutura de fabricação, para que a gente não perca o bonde, para podermos participar; ter a liberdade de fabricar a vacina, de não só comprar.”

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Mais de 65 mil mortes no país

Maria Eduarda Cardim

07/07/2020

 

 

O novo coronavírus matou 65.487 brasileiros e infectou 1.623.284. Ontem, foram registradas mais 620 mortes pela doença, quantidade capaz de lotar um Airbus A380, maior modelo de aeronave de passageiros do mundo. Mais 20.229 casos entraram na atualização do Ministério da Saúde, o que daria para preencher toda a capacidade de público do estádio Bezerrão, no Gama.

Apesar da flexibilização das atividades em diversos estados, o país ainda observa um crescimento da curva em relação a casos e óbitos. Ao comparar os números da 26ª semana epidemiológica com os da 27ª, é possível notar aumento de mortes e de confirmações; foram 12.249 infecções e 101 óbitos a mais.

Mesmo com tendência de estabilização das fatalidades nos últimos dias, o Brasil segue liderando o ranking de acréscimos diários. Segundo o site Worldometers, a quantidade de óbitos nos Estados Unidos não passou de 300, enquanto na Índia houve mais de 470 novas mortes. O país segue sendo o segundo no mundo em número de casos e óbitos, atrás apenas dos EUA, que possui 2,9 milhões de casos e 130,1 mil mortes. Os dados são compilados pela Universidade Johns Hopkins.

Estados

Em São Paulo, o novo coronavírus já fez 16.134 vítimas e infectou 323.070 pessoas. O segundo estado mais afetado em números absolutos de casos é o Ceará, que, no fim de semana, ultrapassou o Rio de Janeiro em total de infectados. São 122.477 confirmações no estado nordestino, contra 121.879 no fluminense. No entanto, Rio segue em segundo ao contabilizar os óbitos, 10.698, contra 6.481 vítimas, no CE.

Pernambuco e Pará têm mais de 5 mil perdas, com 5.163 e 5.105 registros, respectivamente. Os outros oito estados com pelo menos mil mortes são: Amazonas (2.938), Maranhão (2.250), Bahia (2.168), Espírito Santo (1.838), Rio Grande do Norte (1.248), Minas Gerais (1.230), Alagoas (1.172) e Paraíba (1.118). 

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Bares e restaurantes reabrem em SP

Renata Rios

07/07/2020

 

 

Depois de mais de cem dias fechados, bares e restaurantes da cidade de São Paulo reabriram. Apesar da liberação, o movimento dos estabelecimentos não foi alto comparado ao que se viu no Rio de Janeiro. Ontem, a capital paulistana acumulava 140.231 casos e 7.634 óbitos; a mortalidade na cidade era de 5,4%. O protocolo de reabertura do setor foi assinado pelo prefeito Bruno Covas (PSDB), no sábado. Antes, os estabelecimentos estavam autorizados a funcionar apenas por entregas ou retiradas no local. Ao todo, o setor emprega mais de 370 mil pessoas e totaliza 23 mil estabelecimentos. 

Para o chef de cozinha de empreendimentos em São Paulo, Marcos Livi, a situação vivenciada neste primeiro dia de reabertura não foi das melhores, marcada por poucos clientes e pouca demanda. “Acredito que todos ainda estão apreensivos”, diz. Segundo ele, a retomada deverá ser lenta: “São Paulo é o epicentro da pandemia. Gera uma situação de insegurança, mas isso não pode transformar a alimentação fora do lar no grande vilão”, destaca.

 Para poder abrir ao público os estabelecimentos devem seguir regras rígidas. Deve ser dada preferência às vendas para clientes que não irão consumir no local. Inicialmente, a lotação dos espaços está reduzida a 40%. Quando a capital atingir a classificação verde, essa porcentagem aumenta para 60% da lotação.