Valor econômico, v.21, n.5020, 12/06/2020. Brasil, p. A4

 

Mortes superam 40 mil; Bolsonaro contesta números

Luísa Martins

12/06/2020

 

 

O Brasil chegou à marca oficial de 40.919 mortes por covid-19 ontem, de acordo com os dados oficiais do Ministério da Saúde. Em 24 horas foram registrados 1.239 novos óbitos. Os casos confirmados da doença chegaram a 802.828 - mais de 30,4 mil pacientes diagnosticados.

O total de pessoas recuperadas da covid-19 é de 345.595. Outros 416.314 casos estão sob análise.

São Paulo já tem 10.145 mortes pela doença, 283 em 24 horas. O número de casos confirmados no Estado ultrapassam 162,5 mil. Rio de Janeiro teve 225 mortes entre quarta e quinta, chegando a 7.363), com 75,7 mil casos.

Pelos dados apurados pelo consórcio de veículos de imprensa formado por "O Globo", "Extra", G1, "Folha de S.Paulo", UOL e "O Estado de S. Paulo", a partir das atualizações das secretarias estaduais de Saúde, o país chegou a 805.649 contágios confirmados ontem, com 41.058 mortes. Os números são do boletim de 20h. Em 24 horas até aquele horário houve registro de 30.465 novos casos e 1.261 óbitos confirmados pelas secretarias.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em live transmitida pelo Facebook, que pode ter sido infectado pelo novo coronavírus depois de viajar aos EUA com uma comitiva em que mais de 20 pessoas testaram positivo para a covid-19. "Eu acho que eu já fui contaminado, dada a maneira que vim de um avião, dos Estados Unidos. Acho que 23 [pessoas] do avião pegaram [a doença]", disse.

No mês passado, Bolsonaro enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) os resultados negativos de exames para a detecção da covid-19. Na live ele não mencionou se foi submetido a outros testes ou se teve sintomas da doença. Falou sobre o fato de não ter tomado cloroquina de modo preventivo, a exemplo do que havia feito o presidente americano Donald Trump. Mas voltou a defender o medicamento, que não tem eficácia comprovada.

Apesar de pesquisas científicas mostrarem que o número de casos da covid-19 pode ser até sete vezes maior do que os efetivamente registrados, Bolsonaro voltou a sugerir que há supernotificação do número de mortes. Disse recebido "dezenas de denúncias" de mortes por outras causas atestadas como covid-19.

"Não entendo o que querem ganhar com isso. Talvez os caras estejam aproveitando as pessoas que falecem para ter algum ganho político e colocar a culpa no governo federal", afirmou. Bolsonaro ainda disse que o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta apresentava "números fictícios", "vendia o peixe" da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o isolamento social e "exagerava com o objetivo de vender o pavor".

Ele voltou a criticar os governadores que têm optado por não flexibilizar as medidas de isolamento social, já que e os hospitais estariam conseguindo atender à demanda dos pacientes infectados. "Posso estar equivocado, mas ninguém perdeu a vida por falta de respirador ou leito de UTI", declarou.