O globo, n. 31708, 30/05/2020. País, p. 8

 

Governo entrega presidência da Funasa para indicado do centrão

Natália Portinari

30/05/2020

 

 

PSD de Kassab conquista comando de órgão ligado ao Ministério da Saúde
O PSD, partido de Gilberto Kassab, emplacou ontem uma indicação para a presidência da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), ligada ao Ministério da Saúde. Giovanne Gomes da Silva, comandante da Polícia Militar em Minas Gerais, está agora à frente do órgão. A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União de ontem.

Giovannne substitui Márcio Sidney, indicado anteriormente pela bancada evangélica. Desde o governo do presidente Michel Temer, a frente parlamentar controlava o órgão.

Vinculada ao Ministério da Saúde, a Funasa é responsável por ações de saneamento básico e prevenção e controle de doenças relacionadas à falta de esgoto e água potável. Seu orçamento para 2020 é de R$ 2,3 bilhões.

A nomeação ocorre um dia após a votação, com resultado favorável para o governo, da Medida Provisória (MP) 936 na Câmara dos Deputados. A MP permite a redução de salários e suspensão de contratos.

O centrão ajudou a reduzir o impacto fiscal da proposta inicial do relator da MP, reduzindo de dois anos para um ano a extensão da desoneração da folha de pagamento a empresas, medida para preservar empregos.

 OUTROS CARGOS

Os partidos do centrão que se aproximaram do presidente Jair Bolsonaro, como PP, PL, PSD e Republicanos, já conseguiram emplacar algumas nomeações desde abril, em um ritmo lento de liberação. O governo tem justificado a demora nas nomeações, enviadas em abril, citando a análise das indicações pela Associação Brasileira de Inteligência (Abin).

O PL conquistou uma diretoria no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O PP também encaminhou um nome para a presidência do órgão, ainda pendente. O FNDE tem orçamento de R$ 54 bilhões.

Já o Republicanos conseguiu a Secretaria de Mobilidade do Desenvolvimento Regional e o PP, o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs).

Os cargos negociados entre o governo Jair Bolsonaro e partidos do centrão, como PP, PL, Republicanos e PSD, têm um orçamento somado de R$ 86 bilhões em 2020, em total anterior à inclusão da Funasa nas negociações. As presidências e diretorias desses órgãos são cobiçados por políticos pelo poder regional que representam. Em gestões anteriores, suas estruturas foram utilizadas muitas vezes para desvios.