Valor econômico, v.21, n.5030, 26/06/2020. Brasil, p. A4

 

Bolsonaro confirma redução escalonada do auxílio

Mariana Ribeiro

Matheus Schuch

Fabio Graner

26/06/2020

 

 

O presidente Jair Bolsonaro confirmou ontem que deve prorrogar o auxílio emergencial com uma redução escalonada do valor do benefício. Ele afirmou que os números ainda não estão fechados, mas que devem ser disponibilizadas mais três parcelas: de R$ 500, R$ 400 e R$ 300.

Ao lado do presidente no anúncio, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a proposta é “espetacular”. Inicialmente, no entanto, a equipe econômica trabalhava com valores inferiores aos apresentados ontem pelo governo, como de R$ 300. Bolsonaro chegou a demonstrar apoio a essa proposta.

Inicialmente desenhado para durar três meses, o auxílio emergencial causa preocupação no Ministério da Economia devido ao alto impacto fiscal. Com o pagamento de R$ 600, o programa custa aos cofres públicos R$ 50 bilhões por mês. Até agora, portanto, já foram reservados pouco mais de R$ 150 bilhões para o pagamento dos benefícios aos 64 milhões de cadastrados.

Bolsonaro reuniu ontem os auxiliares envolvidos na implementação do auxílio para discutir a continuidade do programa. Participaram do encontro, além de Guedes, os ministros Braga Netto (Casa Civil), Onyx Lorenzoni (Cidadania), e os presidentes do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e da Caixa, Pedro Guimarães.

O custo fiscal da prorrogação, nos moldes apresentados por Bolsonaro, é de R$ 100 bilhões, o mesmo da proposta inicialmente apresentada pelo Congresso, de renovar o auxílio por duas parcelas de R$ 600.

Antes do anúncio, feito na live semanal do presidente, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, chegou a publicar em uma rede social que o governo apresentaria de fato essa proposta. Logo em seguida, no entanto, apagou a mensagem.

Na transmissão, Guedes afirmou que o governo pagará a partir de sábado a terceira parcela do auxílio. Ele não deu mais detalhes, no entanto, sobre o cronograma das liberações.

O ministro enumerou as medidas já tomadas pelo governo para fazer frente à crise e admitiu que os programas de crédito tiveram um “desempenho inicial insatisfatório”. Segundo ele, outras propostas estão sendo estudadas pela equipe econômica.

Guedes citou o “bônus de adimplência”, com perdão de empréstimos de pequenos negócios que estiverem em dia com os seus impostos. “O sujeito pequeninho foi lá, pegou empréstimo, trabalhou bem, conseguiu se recuperar e pagou os impostos. A gente pode dar o bônus de adimplência, perdoa o crédito”, afirmou o ministro.

Guedes também questionou a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro apresentada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta semana, de queda de 9,1%. Segundo ele, o organismo deve errar sua estimativa e a pessoa responsável pela projeção ainda é inexperiente na função.

Para ele, a economia já “bateu no fundo do poço” e o país tem condições de ter uma recuperação em “V”. O foco agora, disse, está na recuperação do emprego e da renda. O programa verde-amarelo será submetido ao Congresso “brevemente”.